Clara Peeters

1594-1657

Antuérpia, Bélgica

Clara Peeters esteve entre as pintoras da Era de ouro dos Países Baixos. Apesar de termos poucas informações sobre a artista – seu local de nascimento não está documentado, assim como são escassos os registros sobre sua vida – Peeters fez seu nome pintando naturezas-mortas na Antuérpia. Há cerca de trinta e nove pinturas com a assinatura Peeters ou alguma inscrição com seu nome, além de outros trabalhos plausivelmente atribuídos a ela, e apenas 11 deles têm data. Em sua obra destacam-se utensílios de prata e bronze, incluindo uma faca prateada que figura em várias de suas pinturas, além de alimentos considerados “chiques”: queijos, sal refinado e nozes. Mas o que chama a atenção, no entanto, não são os objetos retratados, mas sim a maneira sutil na qual Clara Peeters esconde seu próprio reflexo nas peças com brilho, como taças, jarras e facas. Assim, seu rosto aparece de maneira discreta em algumas pinturas.

  1. Pintura estilo Vanitas de Clara Peeters (aprox. 1610)
  2. Table with a cloth, salt cellar, gilt tazza, pie, jug, porcelain dish with olives, and roast fowl (1611) – Museo Nacional del Prado
  3. Still Life with fish, a candle, artichokes, crab and prawns – Museo Nacional del Prado
  4. Still Life with Flowers, a Silver-gilt Goblet, Dried Fruit, Sweetmeats, Bread sticks, Wine (1611) – Museo Nacional del Prado
  5. Recortes de obras com a Clara Peeters refletida

Judith Leyster

1609-1660

Haarlem, Países Baixos

Também conhecida como Leijster, Judith Leyster foi uma pintora essencial nos Países Baixos no início do século XVII. Seu estilo era bastante singular, pintando figuras sorridentes e cenas felizes num mundo que raramente permitia a presença de mulheres e privilegiava os retratos e figuras religiosas. Seu destaque na sociedade era tanto que, em 1633, se tornou a primeira (ou segunda, dependendo das pesquisas) mulher a ser membro da Guilda de São Lucas, em Haarlem. Apesar de ter tido uma ampla produção, por séculos suas obras não eram reconhecidas em seu nome: muitas pinturas foram atribuídas ao seu marido, ou ao seu contemporâneo Frans Hals. Como muitas pintoras de seu tempo, acabou deixando o ofício artístico de lado após o casamento com Jan Miense Molenaer. Judith Leyster tem hoje um legado de 35 obras reconhecidas. Foi apenas no final do século XIX que, finalmente, suas obras passaram a ter a atribuição correta, principalmente depois que o Louvre adquiriu uma pintura e, no restauro, descobriu a assinatura JL sob o nome de Hals.

  1. Autorretrato (1630 – 1633) Galeria Nacional de Arte dos Estados Unidos
  2. Merry Trio (1629 – 1631) – coleção particular 3. La joyeuse compagnie (1630) – Museu do Louvre
  3. A boy and a girl with a cat an an Eel (1635) – National Gallery

Catharina van Hemessen

1528-1588

Antuérpia, Bélgica

É tida como a mais antiga pintora renascentista flamenga com trabalhos reconhecidos. Catharina van Hemessen também carrega o ineditismo em ser uma das primeiras mulheres artistas a pintar um autorretrato afirmando-se como artista – isto é, uma pintura na qual figura pintando em seu cavalete. Como muitas das artistas que sobreviveram aos apagamentos da história, Catharina van Hemessen , trabalhava com o pai, que também era artista. Um dos destaques de seus trabalhos reside na construção dos corpos e no foco nos retratos, apesar das impossibilidades de realizar estudos da anatomia com modelos vivos ou cadáveres.

  1. Autorretrato (1548) – Öffentliche Kunstsammlung, em Basileia
  2. Portrait of a Lady in 16th Century Dress – Bowes Museum
  3. Young Woman Playing the Virginals (1548) – Cologne, Wallraf-Richartz Museum
  4. Portrait of a Woman (1540 – 1550)

Plautilla Nelli

1524-1588

Florença, Itália

Tendo se tornado freira aos 14 anos, Plautilla Nelli é talvez a primeira pintora renascentista de que temos registro. Sua formação se dá de maneira autodidata dentro do convento, inspirada pela obra de Girolamo Savonarola, pintor religioso, e pelos desenhos de Frade Bartolomeo. Muito do que evoluiu na pintura, predominantemente religiosa, veio de um esforço de criar dentro do convento uma espécie de guilda de artistas. Tamanho foi o reconhecimento que obteve que ensinava outras freiras a pintar e, juntas, vendiam várias obras aos mecenas florentinos. Foi uma das poucas mulheres citadas por um dos primeiros historiadores de arte, Giorgio Vasari, no seu livro “Le Vite de’ più eccellenti pittori, scultori, ed architettori”. É reconhecida também por ser a única mulher de que se tem notícia a ter pintado o episódio bíblico d’A Última Ceia, obra restaurada e apresentada ao público no final de 2019.

  1. Sem título
  2. “Orem pela pintora” frase escrita em sua obra “A Última Ceia”
  3. A última ceia (1515-1520) – Basílica de Santa Maria Novella – único trabalho assinado por Plautilla Nelli conhecido
  4. Lamentação com Santos (1569)
  5. Visão de St. Catherine de Cristo

Artemisia Gentileschi

1593-1653

Roma, Itália

Artemisia Gentileschi talvez seja o nome feminino de maior reconhecimento entre o renascimento e o barroco europeu. Primogênita de um pai pintor, Orazio Gentileschi, ela cresceu no Ateliê, cercada pelos irmãos que não demonstravam tanto interesse ou jeito para a arte. Há um apelo muito grande em sua história pessoal, depois de ter sido vítima de um estupro de um pintor amigo de seu pai e, na época, seu professor. O escândalo, o julgamento criminal, as pinturas realizadas entre 1611 e 1612 e todas as fofocas são um material já bastante explorado na literatura especializada. Mas é possível falar de Artemisia Gentileschi para além da posição de vítima. Ela foi capaz de pintar personagens femininas heróicas de maneira tão singular que suas obras rivalizam a de grandes mestres, especialmente quando citamos a cena bíblica de Judite decapitando Holofernes. Mas o entendimento de Gentileschi sobre a forma feminina também é um aspecto único em sua produção, que também inclui autorretratos.

Dica de leitura: “Artemisia Gentileschi: trajetória biográfica e representações do feminino”, por @cristinetedesco

  1. Autoretrato (1615 e 1617) – Allen Phillips/Wadsworth Atheneum
  2. Declaração trocada em cartas com Galileu Galilei
  3. Judith decapitando Holofernes (1612-1613) – Museu de Capodimonte, Nápoles
  4. Autorretrato como Alegoria da Pintura (1638 e 1639) – Windsor (Inglaterra), Royal Collection
  5. Susana e os anciões (1610-1611) – Schloss Weißenstein, em Pommersfelden, Alemanha

Sofonisba Anguissola

1532-1625

Cremona, Itália

Sofonisba Anguissola vinha de uma família da baixa aristocracia e recebeu ensino em artes desde jovem no Ateliê de Bernardino Campi, iniciativa rara para o século 16. Seu pai acreditava que educação em artes era um prestígio social na corte, e, logo, Sofonisba começou a ser reconhecida por seu talento, primeiro em autorretratos, depois na retratística profissional. Foi provavelmente a primeira artista a ter uma carreira local e internacional, ao ser convidada para trabalhar na corte Espanhola de Filipe II, onde permaneceu por 14 anos. Entre seus retratos mais notórios estão os registros de duas das mulheres de Filipe, Isabel de Valois e Ana da Áustria. Sofonisba Anguissola se tornou uma referência para as artistas mulheres que buscavam seguir carreira profissional.

  1. Auto-Retrato (1556) – Palácio de Łańcut
  2. Bernardino Campi pintando Sofonisba Anguissola (1559)
  3. A partida de xadrez (1555) – Muzeum Narodowe (National Museum), Poznán, Poland
  4. Self-Portrait (1610)