Rosalba Carriera

1673-1757

Veneza, Itália

Rosalba Carriera foi uma pintora veneziana, provavelmente autodidata. Começou sua carreira artística decorando caixas de rapé e pintando retratos em miniatura em marfim. Depois, foi uma das primeiras artistas do século a explorar plenamente as possibilidades do pastel como um meio principal de expressão. No início do século XVIII, sua busca por elegância e por um acabamento delicado das superfícies fez de Rosalba Carriera um fenômeno – em 1720, passou um ano triunfante em Paris, visitando coleções de arte, conhecendo artistas franceses e criando retratos de indivíduos de destaque. Mais tarde, trabalhou em Modena e na Áustria, assistida por sua irmã. Mesmo que em Paris por um período curto, seu trabalho contribuiu para formar o novo gosto aristocrático que adaptou as convenções de uma arte anterior da corte a um mundo em que a produção visual não estava mais exclusivamente a serviço da monarquia. Poucas pintoras do século tiveram tanto sucesso ou tanta influência quanto Carriera.

  1. Autorretrato (1709 – 1715) – Galeria Uffizi, Florença, Itália
  2. Lady in a Turkish Costume (Felicita Sartori) (cerca de 1728-1741) – Galeria Uffizi, Florença, Itália
  3. Young Girl Holding a Monkey (cerca de 1721) – Departamento de Artes Gráficas do Museu do Louvre
  4. Paiting (década de 1730) – Galeria Nacional de Arte, Washington D.C., Estados Unidos

Lavinia Fontana

1552-1614

Bolonha, Itália

Primeira mulher artista reconhecida a pintar nus femininos e a abrir sua própria oficina. Foi parte importante no sustento de uma família de 13. Uma artista que soube usar de estratégia para se posicionar no meio artístico Renascentista. Pintora que evoluiu dos retratos à pintura religiosa e de famílias e grupos, algo não comum para pintoras mulheres de sua época. Seu trabalho se desenvolveu entre Bolonha e Roma, na Itália, com uma imagem social equilibrada e sendo disputada entre as mulheres da realeza de Bolonha. Filha do pintor Prospero Fontana, sua fama de retratista era valorizada pelos cuidados com os detalhes em cena, como jóias, bordados e tecidos. Das 100 obras documentadas hoje, 32 são obras assinadas e datadas. Há mais 25 que podem ser atribuídas a ela, formando o maior conjunto de trabalhos de qualquer artista feminina antes de 1700.

  1. Self-Portrait with the Spinet Accompanied by a Handmaiden (1577) – Accademia Nazionale di San Luca, Roma
  2. Portrait of a Lady with a Dog (aprox. 1584) – Auckland Art Gallery
  3. Portrait of Bianca degli Utili Maselli with her six children (1605)
  4. Venere e Cupido (1592) – Musée des Beaux-Arts de Rouen

Grace Hartigan

1922-2008

Nova Jersey, EUA

Grace Hartigan foi uma das artistas mais emblemáticas dos anos 50 e 60, experimentou estilos e desenvolveu um corpo de trabalho que foi incorporando gradualmente imagens reconhecíveis entre suas pinceladas abstratas. Estudou na Newark College of Engineering e trabalhou por alguns anos com desenho mecânico em uma fábrica de aviões, enquanto produzia aquarelas em paralelo. Grace Hartingan já tinha forte interesse em arte moderna quando conheceu o expressionismo abstrato pelo trabalho de Pollock. Ela já morava em NY e, aos poucos, foi conhecendo e se tornando amiga de artistas e pintores da vanguarda. Encantada pelas pinceladas firmes e marcadas, a artista se aprimorou em técnica até encontrar seu estilo único e pessoal, que misturou influências modernas, pinceladas gestuais, linhas dramáticas e cores encorpadas com o trabalho dos Antigos Mestres. Para Hartigan, abstração e figuração não eram mutuamente exclusivas. A pintora alcançou bastante sucesso em vida, o que a tornou uma importante figura feminina no meio da arte americana. Teve forte influência no movimento expressionista abstrato, foi a única mulher na exposição “Twelve Americans”, em 1956, e na “The New American Painting”, em 1958, ambas do MoMA. Com o desenvolvimento de sua pesquisa, a artista saiu das forma orgânicas e curvilíneas, para um caminho mais figurativo, com símbolos inventados e temas mitológicos. Sua composição se tornou mais minimalista e muitas vezes foi classificada como Arte Pop, título que ela rejeitou.

  1. Grace Hartigan no telhado de seu estúdio (1951)
  2. “So be it, I try to live the life that is necessary for it to flow. If fame is to come to me, it will require great strength to continue to work and keep the proper distance, the correct understanding in regard to my inner or spiritual self and my outer or worldly one.”, Grace Hartigan
  3. Shinnecock Canal (1957) – MoMA
  4. River Bathers (1953) – MoMA
  5. Grand Street Brides (1954) – Whitney Museum
  6. Plate (folio 12) from Salute (1960) – MOMA

Elaine de Kooning

1918-1989

Nova York, EUA

Apesar de ter sido uma feroz defensora do expressionismo abstrato, Elaine de Kooning ganhou reconhecimento pelos seus retratos de movimentos soltos. Ela trabalhou no limiar entre a abstração e o figurativismo. Começou a desenhar com 5 anos de idade e, na juventude, frequentou a escola de arte Leonardo da Vinci em Nova York. Nesse período conheceu Willem de Kooning, seu professor e, futuramente, marido. Seus primeiros trabalhos foram diretamente influenciados pelo cubismo. No início da década de 40 começa a focar cada vez mais na abstração. É nesse período também que começa a escrever críticas de arte, tendo sido responsável pela produção de ensaios inteligentes e perspicazes que auxiliaram o expressionismo abstrato a ser compreendido por um público mais amplo. Seu estilo de pintura carregava pinceladas rápidas e uma forma energética de lidar com a tinta. Nos retratos que pintou ao longo da vida, buscava encontrar em seus modelos características singulares, não apenas uma pose estática. Nas obras expressionistas, demonstrava apreço por cenas em movimento, como jogos de basquete e touradas, que conheceu em uma de suas muitas viagens para lecionar em universidades. Na década de 80 Elaine de Kooning conheceu e estudou profundamente as pinturas rupestres, o que impactou profundamente seu uso de cor e o adensamento de suas pinceladas. De Kooning teve várias exposições individuais em galerias e museus e, apesar de ter sido negligenciada pela história recente, hoje recebe retrospectivas imponentes que fazem jus ao seu extenso corpo de trabalho.

  1. Retrato de Elaine de Kooning
  2. “Every artist returns to things. The drawings that you make as a child or as an adolescent and the ideas that you have as a young beginning artist, no doubt they crop up again and again”
  3. The Burghers of Amsterdam Avenue (1963) – Private Collection
  4. Harold Rosenberg #3 (1956) – National Portrait Gallery, Washington, DC
  5. Merce Cunningham (1962) – National Portrait Gallery, Washington, DC
  6. Sunday afternoon (1960)

Agnes Martin

1912-2004

Macklin, Canadá

As fotografias do trabalho de Agnes Martin não são dignas de representar as obras vistas pessoalmente. Isso porque as imensas telas criadas pela artista escondem, ao serem apreciadas à distância, incontáveis micro-cosmos de padrões minimalistas, com grades​, tons e texturas que Martin desenvolvia em pinturas. Ao observar de longe essas obras, é possível confundí-las com um estilo mínimo, de formas simplificadas e composições de cores emudecidas. Mas, a própria artista dizia, com certa frequência, que estava muito mais proxima dos expressionistas abstratos – por sua formação de pensamento – que dos minimalistas. Visualmente, porém, seu trabalho nada tinha de pinceladas gestuais e cores vibrantes. Martin desenvolveu um formato característico, sempre em telas de 2×2 metros cobertas por inteiro com grades meticulosamente desenhadas a lápis e acabadas com uma fina camada de gesso. Sua vida era tão misteriosa quanto seus trabalhos: ela era conhecida por ser extremamente reservada, e raramente falava sobre seu trabalho. A artista destruiu obras do começo de sua carreira, evitou ao máximo a publicação de monografias sobre sua arte e fez amigos jurarem que não falariam sobre ela após sua morte.

  1. Foto de Agnes Martin
  2. “Eu gostaria que meu trabalho representasse beleza, inocência e felicidade. Eu gostaria que todos eles representassem isso.”
  3. With My Back to the World (1997) – MOMA
  4. I Love the Whole World (1999) – Tate
  5. Friendship (1963) – MOMA
  6. Gratitude (2001) – Guggenheim Museum

Clara Peeters

1594-1657

Antuérpia, Bélgica

Clara Peeters esteve entre as pintoras da Era de ouro dos Países Baixos. Apesar de termos poucas informações sobre a artista – seu local de nascimento não está documentado, assim como são escassos os registros sobre sua vida – Peeters fez seu nome pintando naturezas-mortas na Antuérpia. Há cerca de trinta e nove pinturas com a assinatura Peeters ou alguma inscrição com seu nome, além de outros trabalhos plausivelmente atribuídos a ela, e apenas 11 deles têm data. Em sua obra destacam-se utensílios de prata e bronze, incluindo uma faca prateada que figura em várias de suas pinturas, além de alimentos considerados “chiques”: queijos, sal refinado e nozes. Mas o que chama a atenção, no entanto, não são os objetos retratados, mas sim a maneira sutil na qual Clara Peeters esconde seu próprio reflexo nas peças com brilho, como taças, jarras e facas. Assim, seu rosto aparece de maneira discreta em algumas pinturas.

  1. Pintura estilo Vanitas de Clara Peeters (aprox. 1610)
  2. Table with a cloth, salt cellar, gilt tazza, pie, jug, porcelain dish with olives, and roast fowl (1611) – Museo Nacional del Prado
  3. Still Life with fish, a candle, artichokes, crab and prawns – Museo Nacional del Prado
  4. Still Life with Flowers, a Silver-gilt Goblet, Dried Fruit, Sweetmeats, Bread sticks, Wine (1611) – Museo Nacional del Prado
  5. Recortes de obras com a Clara Peeters refletida

Judith Leyster

1609-1660

Haarlem, Países Baixos

Também conhecida como Leijster, Judith Leyster foi uma pintora essencial nos Países Baixos no início do século XVII. Seu estilo era bastante singular, pintando figuras sorridentes e cenas felizes num mundo que raramente permitia a presença de mulheres e privilegiava os retratos e figuras religiosas. Seu destaque na sociedade era tanto que, em 1633, se tornou a primeira (ou segunda, dependendo das pesquisas) mulher a ser membro da Guilda de São Lucas, em Haarlem. Apesar de ter tido uma ampla produção, por séculos suas obras não eram reconhecidas em seu nome: muitas pinturas foram atribuídas ao seu marido, ou ao seu contemporâneo Frans Hals. Como muitas pintoras de seu tempo, acabou deixando o ofício artístico de lado após o casamento com Jan Miense Molenaer. Judith Leyster tem hoje um legado de 35 obras reconhecidas. Foi apenas no final do século XIX que, finalmente, suas obras passaram a ter a atribuição correta, principalmente depois que o Louvre adquiriu uma pintura e, no restauro, descobriu a assinatura JL sob o nome de Hals.

  1. Autorretrato (1630 – 1633) Galeria Nacional de Arte dos Estados Unidos
  2. Merry Trio (1629 – 1631) – coleção particular 3. La joyeuse compagnie (1630) – Museu do Louvre
  3. A boy and a girl with a cat an an Eel (1635) – National Gallery

Catharina van Hemessen

1528-1588

Antuérpia, Bélgica

É tida como a mais antiga pintora renascentista flamenga com trabalhos reconhecidos. Catharina van Hemessen também carrega o ineditismo em ser uma das primeiras mulheres artistas a pintar um autorretrato afirmando-se como artista – isto é, uma pintura na qual figura pintando em seu cavalete. Como muitas das artistas que sobreviveram aos apagamentos da história, Catharina van Hemessen , trabalhava com o pai, que também era artista. Um dos destaques de seus trabalhos reside na construção dos corpos e no foco nos retratos, apesar das impossibilidades de realizar estudos da anatomia com modelos vivos ou cadáveres.

  1. Autorretrato (1548) – Öffentliche Kunstsammlung, em Basileia
  2. Portrait of a Lady in 16th Century Dress – Bowes Museum
  3. Young Woman Playing the Virginals (1548) – Cologne, Wallraf-Richartz Museum
  4. Portrait of a Woman (1540 – 1550)

Plautilla Nelli

1524-1588

Florença, Itália

Tendo se tornado freira aos 14 anos, Plautilla Nelli é talvez a primeira pintora renascentista de que temos registro. Sua formação se dá de maneira autodidata dentro do convento, inspirada pela obra de Girolamo Savonarola, pintor religioso, e pelos desenhos de Frade Bartolomeo. Muito do que evoluiu na pintura, predominantemente religiosa, veio de um esforço de criar dentro do convento uma espécie de guilda de artistas. Tamanho foi o reconhecimento que obteve que ensinava outras freiras a pintar e, juntas, vendiam várias obras aos mecenas florentinos. Foi uma das poucas mulheres citadas por um dos primeiros historiadores de arte, Giorgio Vasari, no seu livro “Le Vite de’ più eccellenti pittori, scultori, ed architettori”. É reconhecida também por ser a única mulher de que se tem notícia a ter pintado o episódio bíblico d’A Última Ceia, obra restaurada e apresentada ao público no final de 2019.

  1. Sem título
  2. “Orem pela pintora” frase escrita em sua obra “A Última Ceia”
  3. A última ceia (1515-1520) – Basílica de Santa Maria Novella – único trabalho assinado por Plautilla Nelli conhecido
  4. Lamentação com Santos (1569)
  5. Visão de St. Catherine de Cristo

Artemisia Gentileschi

1593-1653

Roma, Itália

Artemisia Gentileschi talvez seja o nome feminino de maior reconhecimento entre o renascimento e o barroco europeu. Primogênita de um pai pintor, Orazio Gentileschi, ela cresceu no Ateliê, cercada pelos irmãos que não demonstravam tanto interesse ou jeito para a arte. Há um apelo muito grande em sua história pessoal, depois de ter sido vítima de um estupro de um pintor amigo de seu pai e, na época, seu professor. O escândalo, o julgamento criminal, as pinturas realizadas entre 1611 e 1612 e todas as fofocas são um material já bastante explorado na literatura especializada. Mas é possível falar de Artemisia Gentileschi para além da posição de vítima. Ela foi capaz de pintar personagens femininas heróicas de maneira tão singular que suas obras rivalizam a de grandes mestres, especialmente quando citamos a cena bíblica de Judite decapitando Holofernes. Mas o entendimento de Gentileschi sobre a forma feminina também é um aspecto único em sua produção, que também inclui autorretratos.

Dica de leitura: “Artemisia Gentileschi: trajetória biográfica e representações do feminino”, por @cristinetedesco

  1. Autoretrato (1615 e 1617) – Allen Phillips/Wadsworth Atheneum
  2. Declaração trocada em cartas com Galileu Galilei
  3. Judith decapitando Holofernes (1612-1613) – Museu de Capodimonte, Nápoles
  4. Autorretrato como Alegoria da Pintura (1638 e 1639) – Windsor (Inglaterra), Royal Collection
  5. Susana e os anciões (1610-1611) – Schloss Weißenstein, em Pommersfelden, Alemanha