Nancy Spero

1926-2009

Cleveland, Ohio- EUA

Nancy Spero produziu por mais de 60 anos obras que abordaram de maneira espetacular e provocadora o papel da mulher na sociedade. A artista lidou com as questões de sua época, mas as peças parecem chocantemente relevantes para o nosso próprio tempo. Estudou no Art Institute of Chicago (1945–49) e em Paris, na École des Beaux-Arts (1949–50). Para além de uma artista prolífica, foi também uma ativista envolvida com questões políticas, tendo produzido reflexões contemporâneas, como o que chamou de “obscenidade” da Guerra do Vietnã. Foi membro do coletivo Mulheres Artistas na Revolução e cofundadora, em 1972, da Galeria AIR, um projeto exclusivo para mulheres. A partir de 1974, Spero direcionou todo seu corpo de trabalho para as mulheres, explorando representações femininas arquetípicas em várias culturas e épocas, buscando reformular a própria história a partir de uma perspectiva que ela chamou de “mulher como protagonista”. Nancy Spero explorava múltiplas abordagens das figuras femininas, desde o desejo erótico – com mulheres abrindo suas vulvas para o espectador – e a subjugação histórica das mulheres, tratando guerreiras e deusas como heroínas e revolucionárias. Sua produção de texto foi igualmente importante e relevante em sua trajetória, clamando por temas como direito ao aborto, o abuso de poder ou fazendo críticas aos “sistemas masculinos” estruturais. Seu corpo de trabalho rejeitou a passividade e o silêncio em um profundo compromisso de usar a arte para combater a desigualdade.

  1. Retrato de Nancy Spero
  2. “I am thinking about the women’s condition, showing victimage or celebratory sexuality in an exaggerated way”
  3. Nightmare Figures II (1961)
  4. Notes in Time on Women (1979) – MoMA
  5. Goddess and Centaur (1983)
  6. The Goddess Nut II (1990) – Museo Tamayo
  7. Sheela-Na-Gig (1991)

Mary Beth Edelson

1933-

East Chicago, Indiana- EUA

Mary Beth Edelson tem um extenso corpo de trabalho historiográfico, autobiográfico e ritualístico, com uma força política não apenas ligada às lutas diárias do ser mulher, mas também da psicologia e dos domínios dos mitos e arquétipos. Estudou desde os 13 anos no Art Institute of Chicago e, em 1959, fez seu mestrado na NYU. No final da década de 60, se mudou para Washington D.C., onde se tornou professora. Durante toda sua trajetória foi uma ativista ávida e uma pesquisadora e escritora feminista, envolvida em movimentações políticas, sociais e de direitos civis. Suas experimentações artísticas passaram por diversos suportes, como a pintura, escultura, gravura, colagem, instalação, desenho e performance – neste último campo, utilizava a fotografia com lapso de tempo para capturar os movimentos de seu corpo em filme em preto e branco. No início dos anos 70, teve contato com as ideias de Jung sobre a consciência coletiva, mas logo passou a considerá-las patriarcais demais e se voltou, ainda mais profundamente, para a adoração de deusas em várias culturas antigas. Toda a sua obra passa por um longo e complexo ritual místico, que explora continuamente questões de identidade feminina. Ela acreditava que sua prática ritual proporcionava uma experiência metafísica e uma unificação de mente, corpo e espírito. Em sua série de trabalhos mais aclamados, Mary Beth Edelson homenageia e traz à luz importantes artistas mulheres, se apropriando e ressignificando importantes obras da História da Arte com colagens que substituem os rostos masculinos por figuras femininas icônicas.

  1. Retrato de Mary Beth Edelson
  2. “[I had] the double pleasure of presenting the names and faces of many women artists, who were seldom seen in 1972… while spoofing the male exclusivity of the patriarchy”
  3. Some Living American Women Artists (1972) – MoMA
  4. The Fury of the Mother Whose Child has Been Taken (1973)
  5. Death of Patriarchy / A.I.R. Anatomy Lesson (1976) – Museum of Modern Art
  6. Grapceva Neolithic Cave See for Yourself, Mary Beth Edelson (1977) – The Feminist Institute Digital Exhibit Project
  7. Up From the Earth (1979) – The Feminist Institute Digital

Louise Bourgeois

1911-2010

Paris, França

Louise Bourgeois é, talvez, a mais fascinante artista do século XX – seja por sua personalidade cativante, seja pela sua obra, profundamente pessoal e simbólica. A escultora, professora e escritora feminista esteve entre os mais diversos círculos da vanguarda da arte em Paris e Nova York. Bourgeois estudou matemática após a morte da mãe, mas também frequentou o curso de filosofia na Sorbonne e posteriormente se dedicou exclusivamente ao estudo da arte, passando por várias escolas e ateliês: a École des Beaux-Arts, Academie Ranson, Académie Julian e Académie de la Grande-Chaumière. Mudou-se para Nova York antes da II Guerra, e logo passou a frequentar a Art Students League, onde se dedicou ao estudo da gravura e pintura. Seu apartamento e lugares onde morava foram espaços dedicados a arte e cultura, tendo recebido até mesmo alunos e jovens artistas em sessões de avaliação. Foi na escultura, no início dos anos 60, que a artista começou a conceber seu corpo de trabalho mais aclamado, alternando entre formas, materiais e escala, variando entre figuração e abstração. Louise Bourgeois foi muito autobiográfica em sua produção, refletindo suas experiências, traumas e relações familiares desde a infância até a vida adulta, conectada às metáforas na natureza. Os elementos que utiliza carregam um simbolismo forte, como a relação entre a representação das aranhas e a maternidade, com alguma influência da psicanálise e do movimento surrealista. Explorou repetidamente os temas que estudava, como a barriga grávida, espirais, aranhas e a cor azul. “Aranha (Spider)”, talvez sua obra mais conhecida entre os brasileiros, esteve por 21 anos exposta na marquise do MAM – SP, localizado no parque Ibirapuera. Bourgeois morreu em Nova York em 2010, aos 98 anos.

  1. Foto de Louise Bourgeois no MoMA ao lado de sua escultura “Baroque” (1993)
  2. “Arte não é sobre arte. É sobre a vida, e isso resume tudo”, Louise Bourgeois
  3. Spider (1996) – Coleção Itaú Cultural
  4. Tits (1967) – Tate
  5. In and Out (1995) – Coleção The Easton Foundation
  6. The destruction of the father (1974) – Museum of Contemporary Art, Los Angeles