Meret Oppenheim

1913-1985

Berlim, Alemanha

Meret Oppenheim nasceu em uma casa cercada de intelectuais e artistas. Foi criada em um ambiente progressista, seu pai era um estudioso de psicanálise e sua mãe sufragista e feminista. Ainda na adolescência iniciou seus estudos em pintura, se formando depois na Académie de la Grande Chaumière, em Paris. Na França, circulou entre os surrealistas: além de amiga, foi modelo e musa de muitos deles. A fama veio cedo quando, com 20 e poucos anos, criou sua famosa xícara, pires e colher envoltos em pele, expondo a obra ao lado de artistas já reconhecidos. Depois de alguns anos, se desvinculou do grupo, seguindo sua própria essência e visão. Meret Oppenheim foi pintora, escultura, fotógrafa, criou móveis, atuou na moda e inovou na performance – propôs pioneiramente um jantar servido sobre um corpo humano. Seu trabalho foi impulsionado por uma resistência à lógica e às normas sociais. Foi uma artista múltipla e mutante, se reinventando em cada obra e explorando o inesperado. Fluiu entre temas diversos e opostos, construindo pontes entre natureza, cultura, masculino, feminino, espaços e estruturas. Meret Oppenheim desenvolveu uma tese sobre androginia humana, pesquisando gêneros, estilos e o espírito feminino e masculino na criação artística. Apesar do imenso corpo de trabalho e de sua habilidade inigualável, a obra da artista ainda permanece parcialmente na escuridão – algo que começa a mudar com pesquisadores e estudiosos que passaram a dedicar-se a entender e desvendar essa artista tão complexa e única.

  1. Retrato de Meret Oppenheim (1933) – Foto: Man Ray, Veiled Erotica, Metropolitan Museum of Art
  2. “Freedom is not something you are given, but something you have to take”
  3. Object (1936) – The Museum of Modern Art @themuseumofmodernart
  4. Ma gouvernante – My Nurse – Mein Kindermädchen (1936-1967) – Moderna Museet
  5. Stone Woman (1938) – Coleção Privada
  6. Table with Bird Legs (1939) – National Museum of Women in the Arts, NY

Nancy Elizabeth Prophet

1890-1960

Rhode Island, EUA

Nancy Elizabeth Prophet apresentou interesse em pintura e escultura desde muito jovem. Seus pais tinham ascendência indígena e afro-americana e, apesar de não terem condições de incentivar a filha nos estudos de arte, a educaram para trabalhar arduamente. Nancy, ainda jovem, juntou dinheiro com trabalhos domésticos e se matriculou na Rhode Island School of Design: foi a primeira pessoa negra graduada nesta universidade. Depois, em 1922, se mudou para Paris, onde trabalhou e estudou escultura na École Nationale des Beaux-Arts. Começou a ganhar reconhecimento no final da década de 20, ainda na França, e na década seguinte teve suas primeiras exposições em Nova York, ganhando seus primeiros prêmios. Em 1932, retornou de vez aos Estados Unidos, lecionando na Spelman College e na Atlanta University. Em seus trabalhos empregou madeira de lei para produzir esculturas fortes, de linhas precisas e expressivas, e um leve aspecto sombrio. Esculpia com um ritmo único bustos impressionantes e obras maiores de muita potência. Foi uma mulher determinada e com absoluta certeza de seu talento – características que ajudaram-na a suportar as imensas barreiras e variados obstáculos que uma mulher negra precisa enfrentar na sociedade, especialmente no circuito artístico. Ao longo de sua vida teve muitas dificuldades financeiras e, já mais velha, caiu no esquecimento. Após sua morte, um de seus bustos foi vendido por US$ 35.000. Hoje, existem poucas obras reconhecidas de Nancy Elizabeth Prophet. Ela deixou um diário e uma legião de pesquisadores fascinados pelo seu corpo de trabalho e obstinação.

  1. Retrato de Nancy Elizabeth Prophet
  2. “You are welcome to keep your body, I would rather have my mind and soul”, em seu diário
  3. Discontent (entre 1920- 1930) – Rhode Island School of Design Museum of Art
  4. Negro Head (antes de 1927) – Rhode Island School of Design Museum of Art
  5. Congolais (1931) – Whitney Museum of American Art
  6. Prayer (Poverty) (1926) – Foto Marouteau & C. Bernes
  7. Silence (entre 1920- 1930) – Rhode Island School of Design Museum of Art

Toyen

1902-1980

Praga, República Tcheca

Toyen é o nome de gênero neutro adotado em 1923 por Marie Čermínová – a palavra é derivada do termo “citoyen”, ou cidadão em francês, e foi sua designação até o fim da vida. Toyen se referia a si mesmo pelo gênero masculino e, ainda que em fotografias tenha aparecido com roupas femininas, comumente vestia roupas masculinas no seu cotidiano. Se formou na UMPRUM – Academia de Artes, Arquitetura e Design de Praga e se destacou pela criatividade e independência atípicas para artistas do século XIX. Sua essência absolutamente inovadora levou à formação e participação em diversos grupos artísticos – se associou ao Dvetsil (1923) ainda na Tchecoslováquia, co-fundou o Artificialismo (1925-1928) e o Grupo do Surrealismo Tcheco (1934), estabelecendo uma ponte essencial entre Paris e Praga. Em sua produção, transitou principalmente pela pintura, mas também explorou o desenho e a gravura. Seus trabalhos eram repletos de elementos ultra-realistas e naturais – como como animais, ovos, conchas, pedras, cristais – pintados separadamente, com um apreço ao fundo liso. Mas sua principal fixação eram os temas eróticos e o surrealismo do desejo, muitas vezes impregnado de violência e morte. Tudo o que produziu foi carregado de críticas políticas, seja por ir contra as expectativas da sociedade, por subverter o papel tradicional da mulher ou pelas duras críticas à burguesia. Durante a Segunda Guerra Mundial, Toyen criou em isolamento, escondendo seu trabalho – considerado “degenerado” e perseguido pelos nazistas. Fez parte da resistência e se exilou em Paris, nunca mais retornando a Praga.

  1. Retrato de Toyen
  2. “L’artificialisme est une identification du peintre et du poete… il concentre son interet sur la poesie qui remplit les lacunes existant entre les formes reelles et qui ernane de la realite”, Styrsky e Toyen no artigo “Axime: L’Artificialisme est l’identification du poete et du peintre”.
  3. The Rifle-Range (1940)
  4. Le Paravent (1966) – Musee Moderne de la Ville de Paris
  5. The Abandoned Corset (1937) – Galerie Nationale, Prague
  6. Relache (1943) – Coleção Particular

Elsa von Freytag-Loringhoven

1874-1927

Świnoujście, Pôlonia

Elsa von Freytag-Loringhoven foi uma pintora, desenhista, escultora, poetisa, e membro importante do movimento dadaísta. Foi uma das precursoras do readymade – obra feita a partir da apropriação e articulação de objetos e materiais da vida diária, implicando um novo significado. Seu trabalho “Enduring Ornament” (1913), um anel de metal enferrujado, foi criado no mesmo ano que Marcel Duchamp criou “Roda de bicicleta sobre banco”. Em 1917, um urinol deitado foi submetido ao salão da American Society of Independent Artists e rejeitado por não ser considerado obra, um ato fundador para a arte contemporânea. A famosa Fonte (“Fountain”) foi atribuída a Duchamp, assinada com o pseudônimo R. Mutt. Contudo, paira sobre Elsa a suspeita – embasada em uma série de fontes e evidências -, de que teria sido ela a verdadeira autora deste trabalho tão fundamental à história da arte. Duchamp escreveu uma carta à sua irmã que “uma amiga” havia enviado ao salão um mictório de porcelana como escultura. Elsa von Freytag-Loringhoven não buscou em vida ser reconhecida como artista, desprezou formações acadêmicas e questionou a arte tradicional. Fomentou performances que promoviam um estilo de vida antiburguês e cultivou o hábito de recolher objetos por onde passava, transformando-os em arte. Sua personalidade, obra e trabalho eram todos uma única coisa: cotidianamente usava maquiagem de cores vivas, selos postais no rosto, brincos de colher de chá, adornava-se com pássaros vivos e chegou a criar um sutiã de lata de tomate. Seu trabalho foi transgressor, forte, questionador de regras e padrões e carregado de críticas. Sua vida foi uma aventura de viagens e locais onde morou e produziu – Berlim, Munique, Itália, Kentucky. Ao chegar em Nova York teve um breve casamento com um Barão em decadência e passou a ser conhecida como Baronesa. Sua poesia sonora e visual foi espirituosa e a fez ter reconhecimento e publicações ao longo da vida. Infelizmente, caiu no esquecimento/apagamento, bastante indignada com o rumo da arte na sociedade e criticando severamente seus pares. Sua morte por asfixia a gás em 1927 em Paris deixa a suspeita se haveria sido um suicídio.

1. Elsa-von-Freytag-Loringhoven, Costume and Makeup Detail
2. “Every artist is crazy with respect to ordinary life”
3. Enduring Ornament (1913) – Private Collection
4. God (1917) – Philadelphia Museum of Art.
5. Dada Portrait of Berenice Abbott (1923-1926) – Museum of Modern Art, New York
6. Baroness von Freytag-Loringhoven posing in her apartment in New York (1915) – Bettmann Achive

Maria Martins

1894-1973

Campanha, Minas Gerais

Nascida no interior de Minas Gerais, Maria Martins foi uma artista versátil e uma mulher extraordinária. Foi escultora, desenhista, gravadora e escritora. Estudou nas melhores escolas, falou diversos idiomas, estudou música, foi apaixonada por literatura. Casou-se mais de uma vez, relacionando-se com Mondrian e Duchamp enquanto vivia um casamento aberto com Carlos Martins, um diplomata brasileiro. Viajou muito, morou em diversos lugares e foi figura presente nas rodas intelectuais e artísticas do Brasil e do mundo. Iniciou-se na escultura em 1926 e, a partir dali, estudou com Oscar Jespers e Jacques Lipchit. André Breton a introduziu aos círculos surrealistas e dadaístas. Suas primeiras esculturas tem forte relação com as lendas e a natureza Amazônica, trazendo influência de sua infância. “Amazônia”, “Cobra Grande”, “Boiúna”, “Yara”, “Yemanjá”, “Aiokâ”, “Iacy” e “Boto” são algumas das personagens do folclore brasileiro representadas pela artista. Seus trabalhos posteriores trazem uma antropofagia de corpos e figuras. Foi a primeira escultora brasileira a trazer referências ao sexo em seus trabalhos – pernas abertas, vulvas, relações sexuais. Maria Martins esteve envolvida com diversas instituições brasileiras, como a Bienal de São Paulo e o MAM do Rio, mas como artista permaneceu uma figura incompreendida em seu tempo e por seus pares – pelo conservadorismo da elite e pelo apego local aos moldes tradicionais da arte.

  1. Retrato de Maria Martins em seu ateliê
  2. “A arte é a resistência do mundo, e, no final, a vitória será nossa”, Maria Martins em entrevista para Time
  3. O impossível (1960) – MAM Rio
  4. L’Huitième voile O Oitavo Véu
  5. Yemenjá (1943) – MAM
  6. Não te Esqueças Nunca que Eu Venho dos Trópicos (1942) – Coleção particular

Carmen Herrera

1915-

Havana, Cuba

Carmen Herrera é considerada a artista contemporânea de mais idade a ainda produzir ativamente. Atualmente, carrega 105 anos de história – dos quais, mais de 70 foram passados no anonimato, apenas alcançando o reconhecimento devido nos anos 2000. Hoje, além de retrospectivas em aclamados museus e galerias, também é protagonista de um famoso documentário distribuído em diversas plataformas de streaming. Estudou arquitetura por cerca de um ano na Universidad de La Habana e, depois de se casar com Jesse Loewenthal, mudou-se para Nova York, onde ganhou uma bolsa de estudos para a Art Students League – por onde passaram grandes nomes da arte estadunidense. A pintora viveu também alguns anos em Paris. Foi uma das pioneiras da arte concreta, apesar de não ter sido incluída em exposições no auge do movimento, e produziu alguns trabalhos alinhados ao movimento intitulado “Color Field Painting”. Aprimorou suas geometrias minimalistas e simples com o passar do tempo, sempre encantada pelos ângulos retos que a arquitetura lhe proporcionou. Suas obras são milimetricamente calculadas, com as cores sendo escolhidas de maneira experimental. Suas linhas rigorosas e nítidas, seus planos cromáticos contrastantes e suas composições equilibradas trazem a essência da simplicidade. Os trabalhos de listras e repetições que são tão típicos de Carmen Herrera anteciparam em anos a Opt-Art, mesmo que seu talento só tenha sido valorizado mais recentemente.

  1. Carmen Herrera em seu estúdio – Foto: Jason Schmidt
  2. “I like straight lines. I like angles. I like order. In this chaos that we live in, I like to put some order”, Carmen Herrera
  3. Tondo3Colors (1958)
  4. Untitled (1952) – Whitney Museum of American Art
  5. Blanco y Verde (1959) – Whitney Museum of American Art
  6. ‘Iberic’ (1949) – Lisson Gallery

Luchita Hurtado

1920-2020

Caracas, Venezuela

Luchita Hurtado participou pela primeira vez em uma grande exposição de Arte Contemporânea aos 97 anos de idade, na Bienal “Made in L.A.”, 2018. Perdemos essa grande artista meses antes de seu aniversário de 100 anos, no último dia 13/08/2020. O reconhecimento demorou a chegar, uma história que se repete com muitas outras mulheres artistas que levavam suas carreiras em paralelo com a vida familiar e doméstica. Sua produção se dava no pouco tempo livre que tinha, longe do ateliê, ocupando espaços vagos pela casa. Ainda assim, conviveu e viveu nos mais influentes círculos artísticos, teve uma vida agitada e boêmia. Ao longo da vida, saiu da Venezuela para Nova York, onde estudou arte na Escola Washington Irving. Viveu por anos no México, depois em Los Angeles e faleceu em Santa Monica, cidade que abraçou como lar. Seu corpo de trabalho foi fiel à experimentação – de estilos, formas, materiais, mídias -, experimentou o modernismo, as padronagens de influência indígena e o surrealismo ao longo de 8 décadas. Foi uma colorista impecável, profundamente influenciada pelos lugares onde passou, viveu, dos estilos e continentes – todos unidos por sua profunda conexão com o planeta Terra e a natureza. Sua série mais aclamada apresenta imagens onde figuram partes de corpos femininos vistas de um ângulo superior (como se estivessem visualizando a si mesmas), padrões geométricos e elementos simbólicos: peras e maçãs referem-se a sexo e sexualidade, fios e cestas denominam o doméstico e brinquedos representam crianças e família. Apesar dessas características tão interessantes, Luchita Hurtado só viu suas obras ganharem as paredes de museus e serem estudadas por acadêmicos aos 90 anos de idade. A maior exposição de sua vida aconteceu este ano, no LACMA . Intitulada “Luchita Hurtado: I Live I Die I Will Be Reborn”, a mostra permanece montada, aguardando o retorno das atividades após o término da pandemia de covid-19 que assola todo o mundo.

1. Retrato de Luchita
2. “I don’t feel anger, I really don’t. I feel, you know: ‘How stupid of them.’ Maybe the people who were looking at what I was doing had no eye for the future and, therefore, no eye for the present”, em entrevista sobre seu reconhecimento tardio.
3. Untitled (1969) – Hammer Museum 
4. Self Portrait (1971) – Hauser & Wirth and Beth Rudin DeWoody
5. Untitled, (1949) – Private collection
6. The Umbilical Cord of the Earth is the Moon (1977) – Hauser & Wirth 
7. Untitled (1951) – LACMA, Los Angeles County Museum of Art 

Anni Albers

1899-1994

Berlim, Alemanha

A obra de Anni Albers explora principalmente a abstração geométrica em suportes têxteis – desde requintadas “tecelagens pictóricas” em pequena escala a grandes tapeçarias e tecidos projetados para produção em massa. Albers também foi gravurista, desenhista e escritora. Nascida em uma família de posição econômica confortável, sempre soube que queria ser artista e se rebelou indo estudar artes por conta própria. Aluna talentosa da vanguardista escola Bauhaus, sua intenção inicial era estudar pintura. Mas, como a maioria das mulheres de sua época, encontrou mais liberdade artística na Oficina de Tecelagem, na qual futuramente lecionou e depois chefiou. Seu trabalho revolucionou o design têxtil em todo o mundo, provocando grandes transformações na maneira em que vemos o tecido dentro de uma lógica artística – a arte têxtil sempre foi relegada à categoria de ofício menor, artesania. Anni Albers se interessava muito pelos métodos antigos de tecelagem, como o tear, o que não a impediu de agregar novas tecnologias em sua produção. Usou exaustivamente linhas e fios de cores vibrantes, misturou materiais tradicionais e industriais – juta, papel, crina de cavalo e celofane – e trabalhou de maneira totalmente inovadora para os padrões da época. Tinha como objetivo valorizar os trabalhos manuais e estimular a sensibilidade do espectador, provocando o desejo tátil com as obras. Viajou muito pelo mundo e estudou as manufaturas de tecido das sociedades tradicionais da América Latina, em especial do Peru e México. Foi a primeira designer a ter uma exposição solo no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1949.

  1. Anni Albers in her weaving studio at Black Mountain College (1937) – The Josef and Anni Albers Foundation
  2. “The conscientious designer does not himself design at all but rather give the object-to-be a chance to design itself”, Anni Albers (1965)
  3. South of the Border (1958)
  4. Red and Blue Layers (1954) – Guggenheim Museum Bilbao
  5. Thickly Settled (1957) – Yale University Art Gallery, New Haven
  6. Serigrafia TR III (1969-70) – Tate

Joan Mitchell

1925-1992

Chicago, Illinois, EUA

Joan Mitchell foi uma artista de trajetória e produção singulares, tendo criado um extenso corpo de obras, não apenas em telas, mas também em papel e impressos. Estudou no Art Institute of Chicago, em Illinois, e foi premiada com a com uma bolsa de estudos, vivendo na França por um ano. Foi lá que iniciou suas primeiras #pinturas em direção à abstração. Mudou-se para Nova York, em 1949, onde esteve próxima dos artistas de vanguarda do expressionismo abstrato. Inspirada por emoções e sentimento, tanto quanto por paisagens – como o Lago Michigan de sua infância -, Joan Mitchell começou a produzir obras bastante gestuais em escalas alargadas, repletas de traços cortantes e com um fundo branco como base. Desenvolveu um perfeito domínio da cor atrelado ao movimento da pincelada. A aparente liberdade de suas obras, na verdade, vinha de algo bastante controlado e intencional. Suas pinturas ficam, então, entre a espontaneidade expressiva e equilíbrio compositivo, contrabalanceando as relações entre massas de tinta, o peso das pinceladas e a vibração das tonalidades empregadas. Atualmente, os preços pagos por suas pinturas em leilão estão entre os mais altos já alcançados por uma artista mulher. Em seu testamento exigiu que Fundação Joan Mitchell (@joanmitchellfdn ), que administraria seu legado, tivesse responsabilidade para com artistas independentes e, hoje, concede bolsas para escultores e pintores nos Estados Unidos.

  1. Joan Mitchell in her Vétheuil studio (1983) – Foto: Robert Freson
  2. “Abstract is not a style, I simply want to make a surface work”, Joan Mitchell
  3. Le Chemin des Écoliers (1960)
  4. City Landscape (1955) – Art Institute of Chicago @artinstitutechi
  5. Wood, Wind, No Tuba (1980) – The Museum of Modern Art
  6. Sunflowers I (1992)

Helen Frankenthaler

1928-2011

Nova york, EUA

Helen Frankenthaler foi pioneira da técnica chamada “soak-stain”, iniciada nos anos 50, na qual diluía a tinta óleo em uma proporção muito grande de solvente, criando uma tinta bem aguada que era aplicada sobre a tela crua, apoiada no chão – em geral, pintando com os dedos e mãos. Esse método inovador possibilitava a criação de grandes campos de cores planas, etéreas, espalhadas na superfície da tela, flutuando em relação às bordas deixadas em branco. O tecido bruto e sem primer absorvia esse óleo diluído intensamente, resultando até em certas “auras oleosas” em torno das formas coloridas. Frankenthaler impulsionou um movimento derivado do expressionismo abstrato chamado “Color Field Painting” ao receber em seu ateliê os artistas Morris Louis e Kenneth Noland. Vinda de uma família de prestígio e inserida logo de início nos círculos frequentados por Pollock e Clement Greenberg, sua participação nas galerias foi quase imediata. Suas composições de cores e formas comumente evocavam a natureza e cada trabalho criava um espaço visual e uma atmosfera únicos – ela dizia se inspirar por paisagens, mas também por bocas, olhos e emoções. A pintora deixou como legado um corpo de trabalho bastante extenso, passando por diferentes fases: pintou com acrílica a partir de 1963, depois abandonou os campos soltos e etéreos em favor de massas mais densas e sólidas, explorando cada vez mais formas geométricas. Helen Frankenthaler pintou por mais de sessenta anos de sua vida e é uma referência de mulheres que se destacaram no século XX.

  1. Helen Frankenthaler em seu estúdio “na floresta” em Provincetown (1968) – Fotografia de Alexander Liberman
  2. “In many ways today, beauty is obsolete and not the main concern of art. And you can’t prove beauty, it’s there as a fact. And you know it, and you feel it, and it’s real, but you can’t say to somebody ‘this has it'”, Helen Frankenthaler em entrevista para Charlie Rose (1993)
  3. Mountains and Sea (1952) – National Gallery of Art, Washington, D.C.
  4. Flood, da série “Abstract Climates” (1967) – Whitney Museum of American Art
  5. Distrito Mauve (1966) – The Museum of Modern Art
  6. Madame de Pompadour (1990) – Tate, Londres, UK