Victoria Santa Cruz

1922-2014

La Victoria, Peru

Victoria Santa Cruz nasceu em uma família de artistas – sua mãe era dançarina e pintava, enquanto seu pai era dramaturgo e escritor. Sua carreira foi trilhada na dança e no corpo, tendo criado, em 1958 e junto ao irmão Nicomedes, a companhia “Cumanana”, levando aos teatros de Lima e à cena artística peruana os ritmos de influência africana e despertando o ressurgimento de um folclore negro no país. É neste período que a artista começa a investigar detalhadamente os cantos, danças e instrumentos musicais africanos, descobrindo e difundindo a profunda relevância e potência de manifestações culturais antes ignoradas e marginalizadas. Compondo, dançando, dirigindo e desenhando cenários e figurinos, Santa Cruz deixou Cumanana em 1961 ao ganhar uma bolsa para estudar em Paris. Aos 42 anos, teve aulas de coreografia e teatro com alguns dos professores mais renomados da área, viajou por diversos países e, pela primeira vez, visitou África. Ao retornar à capital francesa, montou e dirigiu o balé “La Muñeca Negra (A Boneca Negra)”, protagonizado inteiramente por pessoas negras das Antilhas, cubanas e africanas. Em 1966, de volta ao seu país natal, fundou o grupo Teatro y Danzas del Perú, seguindo a mesma missão de seus trabalhos anteriores – a Cia. foi convidada a se apresentar nas Olimpíadas da Cidade do México em 1968. Em 1973, passou a dirigir o Conjunto Nacional del Folclore e, em 1978, criou sua obra mais conhecida. Ainda na infância Victoria havia entrado em contato com o racismo em um episódio muito violento – numa brincadeira de bairro, outras crianças discriminaram-na por ser negra; é essa passagem que dá origem ao icônico poema “Me Gritaron Negra”, encenado também em uma vídeo-performance. Nos anos 1980, trabalhou como professora em uma universidade na Pensilvânia, EUA, retornando ao Peru quase 20 anos depois para fundar a ONG “Salud, Equilibrio, Ritmo”. A artista faleceu aos 91 anos, em Lima, depois de dedicar toda sua vida à descoberta e à recuperação dos ritmos internos e da memória ancestral que a levaram ao despertar da consciência negra e ao orgulho da cultura afro-peruana.

1. Retrato de Victoria Santa Cruz
2. “Me gritaron negra”
3. Cierta servidibilidad… (1960)
4. Las Lavanderas (1967)
5. A la Marinera Limeña (1979)
6. Me gritaron negra (1978)
7. Zamacueca

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