1919-1988
Zurique, Suíça
Com um legado poderoso, a produção de Mira Schendel, porém, sempre foi ancorada em certa fragilidade dos materiais. A artista suíça radicada no Brasil abordou o silêncio, a leveza, a transparência e o invisível se tornando visível. Em seu processo, propôs uma investigação sobre o vazio – na ideia de ser tudo e não ser nada – por meio do objeto de arte. Nascida em uma família judia, foi criada na Itália, e, enquanto estudava filosofia em Milão, viu instaurar o regime fascista italiano. Fugindo das perseguições, passou por alguns países até se casar em Sarajevo e fugir para a América Latina refugiada. Em 1949, se instalou primeiro em Porto Alegre, já com boa parte da formação e das características que iriam nortear sua obra. Lá passou um tempo em isolamento em intensa e prolífica produção experimental, progressivamente reduzindo os elementos a figuras essenciais, simplificadas. Mira se mudou para São Paulo, onde se aprofundou ainda mais em pesquisas que envolviam diálogos com filósofos e pensadores, estudando em sua obra ideias universais de fé, autocompreensão e existência. Até certo ponto envolveu-se com o Neoconcretismo, mas sem nunca ativamente integrar-se ao grupo. Lidando com diferentes materiais e linguagens, seus trabalhos mais conhecidos são em papel, como as monotipias e os objetos gráficos. A pintura também permeou sua trajetória artística, em investigações sobre a bidimensionalidade do suporte e a geometria. Alcançou reconhecimento de seu trabalho na América Latina ainda em vida, porém as suas grandes retrospectivas internacionais são bastante recentes. Foi a primeira #rtista mulher com produção nacional do século XX a ganhar uma individual no Tate Modern, depois de Hélio Oiticica (2007) e Cildo Meireles (2008). Schendel acreditava que o significado de seu trabalho não residia na sua intenção, mas sim nas mãos do espectador que enfrentava o trabalho, e no mundo além da obra. De fato, seu legado é um um corpo de trabalho lindo, pensativo, singular e delicado, e igualmente cheio de potência.
1. Retrato de Mira Schendel
2. “O vazio me comove profundamente”
3. Still Waves of Probability (1969)
4. Sem Título, série Droguinhas (1964-66)
5. Objeto gráfico (1967)
6. Untitled (Disks) (1972)
7. Sem título, série Little Stubs (1973)
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