Howardena Pindell

1943-

Filadélfia, Pensilvânia- EUA

A obra de Howardena Pindell é surpreendente, inovadora e, como muitas vezes, reconhecida tardiamente. O reconhecimento de seu trabalho só aconteceu depois de 2018, reunindo mais de 40 anos de produção. Howardena Pindell mostrou talento para a arte desde nova. Aos 22 anos de idade, concluiu sua graduação em pintura acadêmica em Boston. Em seguida ingressou em um dos mais prestigiados programas de mestrado, na Universidade de Yale. Sofreu diversas formas de racismo e segregação em sua vida. Como mulher, negra e artista, apesar de seus importantes diplomas acadêmicos, precisou se mudar para NY em busca de trabalho. Conseguiu um emprego no MoMA, onde atuou por mais de 12 anos em diferentes áreas. Viu-se inserida no crescente movimento pelos direitos civis e das mulheres, o que começou aos poucos a impactar seu trabalho, quando descobriu uma severa alergia a tinta a óleo: acontece, aí, uma radical mudança em seu trabalho. Ela deixa para trás o figurativismo, abraça a abstração e direciona seu trabalho para a assemblage, trazendo cada vez mais referências pessoais para as suas escolhas, como o papel quadriculado, o gride e os números – influência de seu pai que era matemático – e da conexão entre círculos e bolas – referência a um marcante episódio de sua infância presenciando a segregação nos estados sulistas do país (os utensílios em restaurantes eram marcados por um adesivo redondo indicando a separação para uso de pessoas negras). Em 79, após um acidente de carro que lhe causou trauma craniano, Pindell enfrentou episódios de amnésia. Nesse processo começou a falar mais abertamente sobre questões mais biográficas em seu trabalho. “Free, White and 21” é um vídeo no qual Pindell atua como ambas as personagens; primeiro, se produz como uma mulher branca e loira que dialoga com ela mesma, sem maquiagem, desabafando para a câmera sobre os vários episódios de racismo que sofreu durante a vida. Em 1987, realizou uma pesquisa imprescindível sobre o racismo estrutural que marca o cenário artístico nos EUA, com dados estatísticos e textos maravilhosamente escritos por ela: Art (World) & Racism.

1. Retrato de Howardena Pindell
2. “I always tell people I fell like a message in a bottle that washes up on shore. Maybe someone might find out something about me”
3. Untitled n 4  (1974) –
4. Video Drawings: Swimming (1975) – Museum of Contemporary Art Chicago
5. Free, White and 21(1980) – MoMA
6. Autobiography: Air (CS560) (1988)

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Ana Carla Soler

Ana Carla Soler é historiadora da arte pela UERJ, relações públicas graduada pela Faculdade Cásper Líbero, pós-graduada em Marketing pela Universidad de Barcelona (ES) e especialista em Marketing Digital pela ESPM. Direciona sua pesquisa para a presença feminina no sistema da arte, atuando como curadora pesquisadora de mulheres artistas. Em 2023 foi selecionada para a Residência em Curadoria e Pesquisa do Instituto Inclusartiz e 2022 foi ganhadora do Edital de Pesquisa e Curadoria da Galeria OMA. Foi curadora de exposições como Abolicionistas, no Museu de Arte do Rio – MAR, Gravadas no Corpo, no Bananal (SP) e no Instituto Inclusartiz (RJ) e Tromba D’água no SESC São Gonçalo.

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