1907-1954
Cidade do México, México
Talvez a artista mulher mais conhecida de todos os tempos, a pintora mexicana Frida Kahlo é fonte de incontáveis livros, exposições e pesquisas sobre sua vida e obra. Ainda que tenha renegado o título de “surrealista”, é impossível não mencioná-la como o maior expoente do movimento que teve origem na França, sob liderança de André Breton (que via o México como um país surrealista por natureza). As obras de Frida Kahlo podem ser descritas como odes simbólicas à sua biografia, à sua ancestralidade, à sua nação e à sua ação no mundo. Em vida, Frida não gozou do reconhecimento outorgado ao seu companheiro, Diego Rivera – ele, inclusive, pouco fez para ajudá-la em sua carreira artística. Mas a artista também não precisava de ajuda. Reconhecia sua própria potência, afirmando-se até mesmo como maior que o marido. Sua história cheia de tormentos físicos e emocionais – a poliomelite na infância, o acidente de ônibus aos 18 anos, as incontáveis cirurgias, os abortos e as conturbadas relações amorosas – fizeram de Frida uma figura cultuada não apenas por seu trabalho. É na sua obra onde ela revela sua face mais admirável e mais cativante. Das mais de 140 obras que pintou, 55 foram autorretratos, o que revela a dimensão pessoal que se funde com símbolos de mexicanidade e elementos oníricos. A qualidade de sua obra é resultado de pinceladas precisas e detalhadas, de uma combinação de cores muito singular (entre tons vibrantes e sombrios, saturados e amenizados), sempre impregnada de uma camada emocional. Frida Khalo também poderia ser considerada ativista: foi membro do partido comunista, envolveu-se na preservação de artefatos etnográficos mexicanos. Vestia-se com roupas típicas, adornos e estampas tradicionais mexicanas, na época associadas às camponesas ou mulheres das classes mais baixas. Frida foi capaz de construir sua própria imagem e o imaginário decorrente de todo seu exotismo e singularidade, erguendo uma personagem de si mesma que hoje supera – e muito – suas contrapartes masculinas.
1. Retrato de Frida Khalo em seu ateliê
2. “[Rivera] does pretty well for a little boy, but it is I who am the big artist”, Frida Kahlo em entrevista para Florence Davies (1933)
3. Autorretrato na fronteira entre o México e os Estados Unidos (1932) – Coleção Particular
4. Sem título (Autorretrato com Colar de Espinhos e Beija-flor) (1940) – Harry Ransom Center at The University of Texas at Austin
5. Autorretrato (1948)
6. What the Water Gave Me (1938) – Coleção de Daniel Filipacchi, Paris
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