Ana Mendieta

1948-1985

Havana, Cuba

Ana Mendieta é uma artista emblemática, mulher, feminista e latina. Nasceu em Havana em uma família envolvida na política, primeiro apoiando a revolução contra a ditadura de Fulgencio Batista, e depois em oposição ao regime castrista. Em 1961, ela e sua irmã foram enviadas para os EUA, em Iowa, como parte de um programa de expatriação (quase forçada) de crianças cubanas, sob tutela de organizações estadunidenses. Assim, cresceu em um ambiente conservador e machista, sofrendo com estereótipos latinos e profundamente tocada pelos movimentos antirracistas e de direitos civis que estavam em ebulição na época. Em 1972, se graduou na Universidade de Iowa, onde começou a mostrar interesse pela arte contemporânea e de vanguarda. Em seguida, ingressou em um programa de mestrado inovador, intermídia, o que a levou para suportes como o filme e a fotografia, sempre mediada pela performatividade. Buscando a maneira ideal de causar impacto significativo com sua produção, com imagens potentes, passa a se autorretratar em diferentes situações: usando pelos faciais colados como uma barba falsa, segurando uma galinha recém degolada que jorra sangue, e até colocando-se como vítima de estupro em ações muito carregadas de simbolismo e pulsando violência. Seu trabalho reside em um campo duplo: é, de certa forma, autobiográfico, mas também cheio de camadas multifacetadas e universais. Ao usar seu próprio corpo como veículo de comunicação da arte, passou também a integrar a natureza e a paisagem às suas ações. Essa conexão com a natureza e o feminino deu origem à sua série mais conhecida, “Siluetas”, nas quais se coloca (ou demarca contornos de um corpo) em ambientes naturais, registrando processos ritualísticos que a guiavam em um diálogo com sua ancestralidade. Como artista, questionou os padrões de beleza feminina, estudou a fertilidade e seu legado é uma homenagem ao corpo feminino como fonte da vida. A morte trágica e precoce de Ana Mendieta, aos 36 anos, sob suspeita de feminicídio, ressalta a importância dos temas de seus trabalhos. Criou, em pouco mais de 13 anos de produção, mais de 100 vídeos – corpo de obras que apenas hoje começa a ser desvendado e explorado.


1. Retrato de Ana Mendieta
2. “My art is the way I re-estabilish the bounds that unite me to the universe. It is a return to the maternal source.”
3. Imagem de Yagul, série Silueta (1973)
4. Sem Título (Glass on Body Print) (1972)
5. Árvore da vida (1979)
5. Body Tracks (1982)

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