Toyen

1902-1980

Praga, República Tcheca

Toyen é o nome de gênero neutro adotado em 1923 por Marie Čermínová – a palavra é derivada do termo “citoyen”, ou cidadão em francês, e foi sua designação até o fim da vida. Toyen se referia a si mesmo pelo gênero masculino e, ainda que em fotografias tenha aparecido com roupas femininas, comumente vestia roupas masculinas no seu cotidiano. Se formou na UMPRUM – Academia de Artes, Arquitetura e Design de Praga e se destacou pela criatividade e independência atípicas para artistas do século XIX. Sua essência absolutamente inovadora levou à formação e participação em diversos grupos artísticos – se associou ao Dvetsil (1923) ainda na Tchecoslováquia, co-fundou o Artificialismo (1925-1928) e o Grupo do Surrealismo Tcheco (1934), estabelecendo uma ponte essencial entre Paris e Praga. Em sua produção, transitou principalmente pela pintura, mas também explorou o desenho e a gravura. Seus trabalhos eram repletos de elementos ultra-realistas e naturais – como como animais, ovos, conchas, pedras, cristais – pintados separadamente, com um apreço ao fundo liso. Mas sua principal fixação eram os temas eróticos e o surrealismo do desejo, muitas vezes impregnado de violência e morte. Tudo o que produziu foi carregado de críticas políticas, seja por ir contra as expectativas da sociedade, por subverter o papel tradicional da mulher ou pelas duras críticas à burguesia. Durante a Segunda Guerra Mundial, Toyen criou em isolamento, escondendo seu trabalho – considerado “degenerado” e perseguido pelos nazistas. Fez parte da resistência e se exilou em Paris, nunca mais retornando a Praga.

  1. Retrato de Toyen
  2. “L’artificialisme est une identification du peintre et du poete… il concentre son interet sur la poesie qui remplit les lacunes existant entre les formes reelles et qui ernane de la realite”, Styrsky e Toyen no artigo “Axime: L’Artificialisme est l’identification du poete et du peintre”.
  3. The Rifle-Range (1940)
  4. Le Paravent (1966) – Musee Moderne de la Ville de Paris
  5. The Abandoned Corset (1937) – Galerie Nationale, Prague
  6. Relache (1943) – Coleção Particular

Elsa von Freytag-Loringhoven

1874-1927

Świnoujście, Pôlonia

Elsa von Freytag-Loringhoven foi uma pintora, desenhista, escultora, poetisa, e membro importante do movimento dadaísta. Foi uma das precursoras do readymade – obra feita a partir da apropriação e articulação de objetos e materiais da vida diária, implicando um novo significado. Seu trabalho “Enduring Ornament” (1913), um anel de metal enferrujado, foi criado no mesmo ano que Marcel Duchamp criou “Roda de bicicleta sobre banco”. Em 1917, um urinol deitado foi submetido ao salão da American Society of Independent Artists e rejeitado por não ser considerado obra, um ato fundador para a arte contemporânea. A famosa Fonte (“Fountain”) foi atribuída a Duchamp, assinada com o pseudônimo R. Mutt. Contudo, paira sobre Elsa a suspeita – embasada em uma série de fontes e evidências -, de que teria sido ela a verdadeira autora deste trabalho tão fundamental à história da arte. Duchamp escreveu uma carta à sua irmã que “uma amiga” havia enviado ao salão um mictório de porcelana como escultura. Elsa von Freytag-Loringhoven não buscou em vida ser reconhecida como artista, desprezou formações acadêmicas e questionou a arte tradicional. Fomentou performances que promoviam um estilo de vida antiburguês e cultivou o hábito de recolher objetos por onde passava, transformando-os em arte. Sua personalidade, obra e trabalho eram todos uma única coisa: cotidianamente usava maquiagem de cores vivas, selos postais no rosto, brincos de colher de chá, adornava-se com pássaros vivos e chegou a criar um sutiã de lata de tomate. Seu trabalho foi transgressor, forte, questionador de regras e padrões e carregado de críticas. Sua vida foi uma aventura de viagens e locais onde morou e produziu – Berlim, Munique, Itália, Kentucky. Ao chegar em Nova York teve um breve casamento com um Barão em decadência e passou a ser conhecida como Baronesa. Sua poesia sonora e visual foi espirituosa e a fez ter reconhecimento e publicações ao longo da vida. Infelizmente, caiu no esquecimento/apagamento, bastante indignada com o rumo da arte na sociedade e criticando severamente seus pares. Sua morte por asfixia a gás em 1927 em Paris deixa a suspeita se haveria sido um suicídio.

1. Elsa-von-Freytag-Loringhoven, Costume and Makeup Detail
2. “Every artist is crazy with respect to ordinary life”
3. Enduring Ornament (1913) – Private Collection
4. God (1917) – Philadelphia Museum of Art.
5. Dada Portrait of Berenice Abbott (1923-1926) – Museum of Modern Art, New York
6. Baroness von Freytag-Loringhoven posing in her apartment in New York (1915) – Bettmann Achive

Maria Martins

1894-1973

Campanha, Minas Gerais

Nascida no interior de Minas Gerais, Maria Martins foi uma artista versátil e uma mulher extraordinária. Foi escultora, desenhista, gravadora e escritora. Estudou nas melhores escolas, falou diversos idiomas, estudou música, foi apaixonada por literatura. Casou-se mais de uma vez, relacionando-se com Mondrian e Duchamp enquanto vivia um casamento aberto com Carlos Martins, um diplomata brasileiro. Viajou muito, morou em diversos lugares e foi figura presente nas rodas intelectuais e artísticas do Brasil e do mundo. Iniciou-se na escultura em 1926 e, a partir dali, estudou com Oscar Jespers e Jacques Lipchit. André Breton a introduziu aos círculos surrealistas e dadaístas. Suas primeiras esculturas tem forte relação com as lendas e a natureza Amazônica, trazendo influência de sua infância. “Amazônia”, “Cobra Grande”, “Boiúna”, “Yara”, “Yemanjá”, “Aiokâ”, “Iacy” e “Boto” são algumas das personagens do folclore brasileiro representadas pela artista. Seus trabalhos posteriores trazem uma antropofagia de corpos e figuras. Foi a primeira escultora brasileira a trazer referências ao sexo em seus trabalhos – pernas abertas, vulvas, relações sexuais. Maria Martins esteve envolvida com diversas instituições brasileiras, como a Bienal de São Paulo e o MAM do Rio, mas como artista permaneceu uma figura incompreendida em seu tempo e por seus pares – pelo conservadorismo da elite e pelo apego local aos moldes tradicionais da arte.

  1. Retrato de Maria Martins em seu ateliê
  2. “A arte é a resistência do mundo, e, no final, a vitória será nossa”, Maria Martins em entrevista para Time
  3. O impossível (1960) – MAM Rio
  4. L’Huitième voile O Oitavo Véu
  5. Yemenjá (1943) – MAM
  6. Não te Esqueças Nunca que Eu Venho dos Trópicos (1942) – Coleção particular

Carmen Herrera

1915-

Havana, Cuba

Carmen Herrera é considerada a artista contemporânea de mais idade a ainda produzir ativamente. Atualmente, carrega 105 anos de história – dos quais, mais de 70 foram passados no anonimato, apenas alcançando o reconhecimento devido nos anos 2000. Hoje, além de retrospectivas em aclamados museus e galerias, também é protagonista de um famoso documentário distribuído em diversas plataformas de streaming. Estudou arquitetura por cerca de um ano na Universidad de La Habana e, depois de se casar com Jesse Loewenthal, mudou-se para Nova York, onde ganhou uma bolsa de estudos para a Art Students League – por onde passaram grandes nomes da arte estadunidense. A pintora viveu também alguns anos em Paris. Foi uma das pioneiras da arte concreta, apesar de não ter sido incluída em exposições no auge do movimento, e produziu alguns trabalhos alinhados ao movimento intitulado “Color Field Painting”. Aprimorou suas geometrias minimalistas e simples com o passar do tempo, sempre encantada pelos ângulos retos que a arquitetura lhe proporcionou. Suas obras são milimetricamente calculadas, com as cores sendo escolhidas de maneira experimental. Suas linhas rigorosas e nítidas, seus planos cromáticos contrastantes e suas composições equilibradas trazem a essência da simplicidade. Os trabalhos de listras e repetições que são tão típicos de Carmen Herrera anteciparam em anos a Opt-Art, mesmo que seu talento só tenha sido valorizado mais recentemente.

  1. Carmen Herrera em seu estúdio – Foto: Jason Schmidt
  2. “I like straight lines. I like angles. I like order. In this chaos that we live in, I like to put some order”, Carmen Herrera
  3. Tondo3Colors (1958)
  4. Untitled (1952) – Whitney Museum of American Art
  5. Blanco y Verde (1959) – Whitney Museum of American Art
  6. ‘Iberic’ (1949) – Lisson Gallery

Luchita Hurtado

1920-2020

Caracas, Venezuela

Luchita Hurtado participou pela primeira vez em uma grande exposição de Arte Contemporânea aos 97 anos de idade, na Bienal “Made in L.A.”, 2018. Perdemos essa grande artista meses antes de seu aniversário de 100 anos, no último dia 13/08/2020. O reconhecimento demorou a chegar, uma história que se repete com muitas outras mulheres artistas que levavam suas carreiras em paralelo com a vida familiar e doméstica. Sua produção se dava no pouco tempo livre que tinha, longe do ateliê, ocupando espaços vagos pela casa. Ainda assim, conviveu e viveu nos mais influentes círculos artísticos, teve uma vida agitada e boêmia. Ao longo da vida, saiu da Venezuela para Nova York, onde estudou arte na Escola Washington Irving. Viveu por anos no México, depois em Los Angeles e faleceu em Santa Monica, cidade que abraçou como lar. Seu corpo de trabalho foi fiel à experimentação – de estilos, formas, materiais, mídias -, experimentou o modernismo, as padronagens de influência indígena e o surrealismo ao longo de 8 décadas. Foi uma colorista impecável, profundamente influenciada pelos lugares onde passou, viveu, dos estilos e continentes – todos unidos por sua profunda conexão com o planeta Terra e a natureza. Sua série mais aclamada apresenta imagens onde figuram partes de corpos femininos vistas de um ângulo superior (como se estivessem visualizando a si mesmas), padrões geométricos e elementos simbólicos: peras e maçãs referem-se a sexo e sexualidade, fios e cestas denominam o doméstico e brinquedos representam crianças e família. Apesar dessas características tão interessantes, Luchita Hurtado só viu suas obras ganharem as paredes de museus e serem estudadas por acadêmicos aos 90 anos de idade. A maior exposição de sua vida aconteceu este ano, no LACMA . Intitulada “Luchita Hurtado: I Live I Die I Will Be Reborn”, a mostra permanece montada, aguardando o retorno das atividades após o término da pandemia de covid-19 que assola todo o mundo.

1. Retrato de Luchita
2. “I don’t feel anger, I really don’t. I feel, you know: ‘How stupid of them.’ Maybe the people who were looking at what I was doing had no eye for the future and, therefore, no eye for the present”, em entrevista sobre seu reconhecimento tardio.
3. Untitled (1969) – Hammer Museum 
4. Self Portrait (1971) – Hauser & Wirth and Beth Rudin DeWoody
5. Untitled, (1949) – Private collection
6. The Umbilical Cord of the Earth is the Moon (1977) – Hauser & Wirth 
7. Untitled (1951) – LACMA, Los Angeles County Museum of Art 

Anni Albers

1899-1994

Berlim, Alemanha

A obra de Anni Albers explora principalmente a abstração geométrica em suportes têxteis – desde requintadas “tecelagens pictóricas” em pequena escala a grandes tapeçarias e tecidos projetados para produção em massa. Albers também foi gravurista, desenhista e escritora. Nascida em uma família de posição econômica confortável, sempre soube que queria ser artista e se rebelou indo estudar artes por conta própria. Aluna talentosa da vanguardista escola Bauhaus, sua intenção inicial era estudar pintura. Mas, como a maioria das mulheres de sua época, encontrou mais liberdade artística na Oficina de Tecelagem, na qual futuramente lecionou e depois chefiou. Seu trabalho revolucionou o design têxtil em todo o mundo, provocando grandes transformações na maneira em que vemos o tecido dentro de uma lógica artística – a arte têxtil sempre foi relegada à categoria de ofício menor, artesania. Anni Albers se interessava muito pelos métodos antigos de tecelagem, como o tear, o que não a impediu de agregar novas tecnologias em sua produção. Usou exaustivamente linhas e fios de cores vibrantes, misturou materiais tradicionais e industriais – juta, papel, crina de cavalo e celofane – e trabalhou de maneira totalmente inovadora para os padrões da época. Tinha como objetivo valorizar os trabalhos manuais e estimular a sensibilidade do espectador, provocando o desejo tátil com as obras. Viajou muito pelo mundo e estudou as manufaturas de tecido das sociedades tradicionais da América Latina, em especial do Peru e México. Foi a primeira designer a ter uma exposição solo no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1949.

  1. Anni Albers in her weaving studio at Black Mountain College (1937) – The Josef and Anni Albers Foundation
  2. “The conscientious designer does not himself design at all but rather give the object-to-be a chance to design itself”, Anni Albers (1965)
  3. South of the Border (1958)
  4. Red and Blue Layers (1954) – Guggenheim Museum Bilbao
  5. Thickly Settled (1957) – Yale University Art Gallery, New Haven
  6. Serigrafia TR III (1969-70) – Tate

Joan Mitchell

1925-1992

Chicago, Illinois, EUA

Joan Mitchell foi uma artista de trajetória e produção singulares, tendo criado um extenso corpo de obras, não apenas em telas, mas também em papel e impressos. Estudou no Art Institute of Chicago, em Illinois, e foi premiada com a com uma bolsa de estudos, vivendo na França por um ano. Foi lá que iniciou suas primeiras #pinturas em direção à abstração. Mudou-se para Nova York, em 1949, onde esteve próxima dos artistas de vanguarda do expressionismo abstrato. Inspirada por emoções e sentimento, tanto quanto por paisagens – como o Lago Michigan de sua infância -, Joan Mitchell começou a produzir obras bastante gestuais em escalas alargadas, repletas de traços cortantes e com um fundo branco como base. Desenvolveu um perfeito domínio da cor atrelado ao movimento da pincelada. A aparente liberdade de suas obras, na verdade, vinha de algo bastante controlado e intencional. Suas pinturas ficam, então, entre a espontaneidade expressiva e equilíbrio compositivo, contrabalanceando as relações entre massas de tinta, o peso das pinceladas e a vibração das tonalidades empregadas. Atualmente, os preços pagos por suas pinturas em leilão estão entre os mais altos já alcançados por uma artista mulher. Em seu testamento exigiu que Fundação Joan Mitchell (@joanmitchellfdn ), que administraria seu legado, tivesse responsabilidade para com artistas independentes e, hoje, concede bolsas para escultores e pintores nos Estados Unidos.

  1. Joan Mitchell in her Vétheuil studio (1983) – Foto: Robert Freson
  2. “Abstract is not a style, I simply want to make a surface work”, Joan Mitchell
  3. Le Chemin des Écoliers (1960)
  4. City Landscape (1955) – Art Institute of Chicago @artinstitutechi
  5. Wood, Wind, No Tuba (1980) – The Museum of Modern Art
  6. Sunflowers I (1992)

Helen Frankenthaler

1928-2011

Nova york, EUA

Helen Frankenthaler foi pioneira da técnica chamada “soak-stain”, iniciada nos anos 50, na qual diluía a tinta óleo em uma proporção muito grande de solvente, criando uma tinta bem aguada que era aplicada sobre a tela crua, apoiada no chão – em geral, pintando com os dedos e mãos. Esse método inovador possibilitava a criação de grandes campos de cores planas, etéreas, espalhadas na superfície da tela, flutuando em relação às bordas deixadas em branco. O tecido bruto e sem primer absorvia esse óleo diluído intensamente, resultando até em certas “auras oleosas” em torno das formas coloridas. Frankenthaler impulsionou um movimento derivado do expressionismo abstrato chamado “Color Field Painting” ao receber em seu ateliê os artistas Morris Louis e Kenneth Noland. Vinda de uma família de prestígio e inserida logo de início nos círculos frequentados por Pollock e Clement Greenberg, sua participação nas galerias foi quase imediata. Suas composições de cores e formas comumente evocavam a natureza e cada trabalho criava um espaço visual e uma atmosfera únicos – ela dizia se inspirar por paisagens, mas também por bocas, olhos e emoções. A pintora deixou como legado um corpo de trabalho bastante extenso, passando por diferentes fases: pintou com acrílica a partir de 1963, depois abandonou os campos soltos e etéreos em favor de massas mais densas e sólidas, explorando cada vez mais formas geométricas. Helen Frankenthaler pintou por mais de sessenta anos de sua vida e é uma referência de mulheres que se destacaram no século XX.

  1. Helen Frankenthaler em seu estúdio “na floresta” em Provincetown (1968) – Fotografia de Alexander Liberman
  2. “In many ways today, beauty is obsolete and not the main concern of art. And you can’t prove beauty, it’s there as a fact. And you know it, and you feel it, and it’s real, but you can’t say to somebody ‘this has it'”, Helen Frankenthaler em entrevista para Charlie Rose (1993)
  3. Mountains and Sea (1952) – National Gallery of Art, Washington, D.C.
  4. Flood, da série “Abstract Climates” (1967) – Whitney Museum of American Art
  5. Distrito Mauve (1966) – The Museum of Modern Art
  6. Madame de Pompadour (1990) – Tate, Londres, UK

Lee Krasner

1908-1984

Nova York, EUA

Lee Krasner teve uma carreira muito singular. Vinda de uma família judia de tradições enraizadas, deixou de lado esse legado para tornar-se uma das mais importantes artistas do século XX – ainda que esse reconhecimento ainda não esteja consolidado, não temos medo de afirmá-la assim. Krasner estudou na Cooper Union, depois na Academia Nacional de Design, tendo também passado pela Art Students League de Nova York e sido aluna de Hans Hofmann por três anos (o único elogio recebido do professor foi em uma obra na qual ele disse que jamais diria que tinha sido pintada por uma mulher…). Na década de 1940 começou a expor e se casou com outro artista em 1945. Mudou-se para Long Island com ele – no espaçoso celeiro da propriedade ficava o ateliê de seu companheiro, enquanto Krasner pintava em um quarto de hóspedes na casa principal. Após a morte do seu marido, Lee Krasner passou a ocupar o mesmo celeiro, onde a luz era melhor, e passou a explorar maiores dimensões na pintura. Suas obras têm impacto visceral no expectador. Suas enormes telas abstratas são de uma profundeza impressionante, e Krasner também produziu centenas de colagens e desenhos com a mesma dedicação e maestria. Teve diferentes fases, algumas mais coloridas e outras mais sombrias: as cores para ela sempre foram um mistério, usadas de maneira inconsciente, sem obrigações ou limitações. A finalização de um trabalho era algo instintivo, sem forçar sua criatividade e deixando que suas produções ditassem o caminho que deveriam seguir. Lee produziu até os seus últimos dias de vida. Por muito tempo, Lee Krasner foi apenas conhecida como a mulher de Jackson Pollock. Mesmo depois de décadas da morte do marido, literaturas ainda falavam mais dele do que dela. Hoje, contudo, é possível contar sua história sob outras perspectivas.

  1. Lee Krasner em seu estúdio no celeiro (1962)
  2. “I think all painting is biographical, I think you can read any artist if you take the trouble to”, Lee Krasner
  3. Combat (1965)-National Gallery of Victoria, Melbourne, Austrália
  4. Prophecy (1956)-Galeria Kasmin, NYC, EUA
  5. Desert Moon (1955)-Art Resource, NYC, EUA
  6. Mesa de mosaico (1947)-Michael Rosenfeld Gallery LLC, NYC, EUA

Dorothea Lange

1895-1965

Nova Jersey, EUA

Dorothea Lange nunca viu seu trabalho como arte. O que ela buscava era realizar mudanças sociais. Se formou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde começou a mergulhar a fundo na fotografia. Iniciou sua carreira produzindo retratos em estúdio, entretanto, pela sua enorme habilidade em registrar as circunstâncias urgentes ao seu redor foi rapidamente reconhecida e contratada para produzir nas ruas. Eternizou em imagens a Grande Depressão nos Estados Unidos no período entre guerras. Em um projeto encomendado por uma agência do governo americano, viajou pela Califórnia, documentando famílias rurais deslocadas e trabalhadores imigrantes devastados pela crise econômica do país. Suas fotografias conseguiram direcionar ajuda humanitária para regiões que não estavam sendo atendidas. DorotheaLange valorizava a composição “imagem + palavra” e coletava notas de campo, letras de canções populares e pedaços de notícias. Mesmo em suas produções mais desafiadoras, como quando fotografou nipo-americanos nas escolas antes de serem encaminhados para campos de internamento, conseguiu trazer um foco empático, direcionando suas imagens para o patriotismo. Seu trabalho contribuiu para fortalecer a fotografia documental e social em todo o mundo. Trabalhou incansavelmente, desde a década de 1910 até sua morte em 1965. Hoje, sua obra representa a fotografia com crítica social e capacidade de direcionar a atenção do expectador para o que realmente importa na composição das imagens.

  1. Dorothea Lange sentada em um Ford Modelo 40 na Califórnia, em seu colo está uma câmera Graflex 4×5 SerieD
  2. “Bad as it is, the world is potentially full of good photographs. But to be good, photographs have to be full of the world”, Dorothea Lange
  3. Migrant Mother, Nipomo, California (1936) – The Museum of Modern Art
  4. White Angel Bread Line, San Francisco (1933) – The Museum of Modern Art
  5. Ex-Slave with a Long Memory, Alabama (1938)
  6. Pledge of Allegiance at Raphael Weill Elementary School a Few Weeks Prior to Evacuation, San Francisco (1942)