Bridget Tichenor

1917-1990

Paris, França

Bridget Tichenor, também conhecida como Bate ou BBT, veio de família bastante abastada, ligada às aristocracias britânica e europeia. Até os 16 anos, frequentou escolas na França, foi orientada em desenho e pintura desde jovem na Itália, e estudou na prestigiada Slade School, em Londres. Tichenor era conhecida por sua beleza e elegância, tendo modelado para Coco Chanel em Paris. Por causa da II guerra, foi viver em Nova Iorque, onde frequentou a Arts Students League e trabalhou como Editora de Moda da revista Vogue. Se casou duas vezes, e, na segunda delas, adotou o sobrenome do marido, Jonathan Tichenor, de quem se divorciou antes de ir morar no México em 1956. Lá Bridget Tichenor transforma sua obra e seu estilo de vida, indo morar em Michoacán e se dedicando exclusivamente à sua arte, misturando a técnica renascentista da têmpera, com temas fantásticos. Produziu trabalhos de natureza espiritual e mágica, povoados de seres híbridos – como alienígenas ou mutantes. Muitos dos rostos e corpos das criaturas que pintava eram dos bichos que rodeavam sua casa, um rancho simples cercado de fauna e de uma cachoeira de águas azuis e cristalinas. A paisagem circundante de montanhas vulcânicas foi também fonte de inspiração para inúmeras de suas obras. Seu corpo de trabalho concilia imagens das culturas mesoamericanas, do espiritismo, do xamanismo, da metafísica e de sua formação internacional, marcada por diferentes culturas e religiões. A artista viveu reclusa até seus últimos dias, mantendo-se afastada de sua família e de seu único filho do primeiro casamento. Sua nova família era formada por amigas próximas como Remedios Varo, Alice Rahon, Leonora Carrington e Kati Horna.

  1. Retrato de Bridget Tichenor
  2. “All influence comes from light… Light, Light, Light. I think that we are fed, not only by foods, but more so by light than by anything else.”, Bridget Tichenor no filme biográfico “Rara Avis”
  3. Llegada de Capricornio (1985) – Museo de la Ciudad de México
  4. Los Surrealistas (Os Surrealistas) (1956) – Coleção privada
  5. Misioneros (1965)
  6. Velador (1979) – Coleção privada

Remedios Varo

1908-1963

Anglès, Espanha

Uma maga dos símbolos, Remedios Varo pinta de modo a ativar a consciência adormecida do espectador. Nascida na Espanha, aprendeu a desenhar com seu pai, que depois também a iniciou na pintura. Estudou na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando, em Madri, onde entrou em contato com o Surrealismo. Obteve seu diploma em 1930, ano em que se casou com seu primeiro marido, Gerardo Lizárraga. Em 1937, conheceu o ativista e artista Esteban Francés, deixando Lizárraga para lutar na Guerra Civil Espanhola. Escapando da violência da Guerra, muda-se para Paris com Francés e o poeta Benjamin Péret – lá, dividia um estúdio com os dois, formando uma espécie de triângulo amoroso. Foi por meio de Péret que Varo conheceu André Breton e o círculo de surrealistas, incluindo Leonora Carrington, Dora Maar, Roberto Matta, Wolfgang Paalen e a própria Frida Kahlo. Sua produção, no entanto, ainda era bastante irregular. Com a II Guerra, Varo fugiu para o México (em parte por influência de Frida), onde realizou seu grande corpo de trabalho: pintou mais de 500 obras, tornando-se uma alquimista de técnicas antigas e estratégias modernas, alcançando texturas incomuns, e empregando elementos cheios de simbologia, traduzindo sentimentos e vivências em composições executadas com maestria. Suas pinturas tem um aspecto duplo de atmosfera abstrata e de desenho primoroso, povoadas por seres místicos e esotéricos, usando referências da religião, da física, da filosofia, da biologia e da botânica. Remedios Varo hoje, começa a ser reconhecida fora do México, e é, talvez, dentre as pintoras surrealistas, a mais capaz de comunicar o incomunicável.

  1. Retrato de Remedios Varo (1959)
  2. “Hoje eu não pertenço a nenhum grupo; eu pinto o que me ocorre e é tudo”, Remedios Varos
  3. Dolor reumático (1948) – Museu de Arte do México (MAM), México
  4. Woman Leaving the Psychoanalyst’s Office (1960) – Museu de Arte do México (MAM), México
  5. Les feuilles mortes (1956)
    6.The Juggler (The Magician) (1956) – Museum of Modern Art, NY, EUA

Marianne von Werefkin

1860-1938

Tula, Rússia

Marianne von Werefkin criou obras extravagantes que a diferenciavam dos artistas de seu tempo, principalmente no que diz respeito a uma aplicação excêntrica da cor e distorção das figuras. Sua mãe, também pintora, a incentivou a desenvolver suas habilidades desde muito cedo e, em 1886, a artista começou a ter aulas particulares, passando 10 anos sob os ensinos de Ilja Repin, muito famosa na época. Após casar-se com Alexej Jawlensky – com quem futuramente co-fundaria o grupo “Der Blaue Reiter” junto de Gabriele Müter e Wassily Kandinsky -, ficou por quase 10 anos afastada da pintura, mas não da arte. Foi agenciadora de seu marido e se dedicou a estudos teóricos. Foi ao passar um ano em Paris e no sul da França entre 1905 e 1906 que o impulso criativo para retornar as telas a levou para um novo estilo com influências do simbolismo, inspirada por Edvard Munch e Ferdinand Hodler. MariannevonWerefkin desenvolveu uma técnica apurada e uma destreza notável, empregando efeitos de luz e pinceladas singulares capazes de imprimir muito movimento aos seus trabalhos.

  1. Self-Portrait in a Sailor’s Blouse (1893) – Museu de Arte Moderna, Ascona, Suíça
  2. “One life is far too little for all the things I feel within myself, and I invent other lives within and outside myself for them. A whirling crowd of invented beings surrounds me and prevents me from seeing reality. Color bites at my heart” Marianne von Werefkin
  3. Ave Maria (1927)
  4. Autumn (1907) – Musei comunali d’arte di Ascona
  5. The Rag-and-Bone Man (1917)- Museu de Arte Moderna, Ascona, Suíça

Paula Modersohn-Becker

1876-1907

Dresden, Alemanha

Paula Modersohn-Becker dedicou sua obra a alcançar a essência das coisas. Apesar de ter falecido muito jovem, aos 31 anos, a artista subverteu as normas de seu tempo, não apenas por ser uma artista mulher e pela técnica que utilizou em suas telas, mas principalmente pela escolha das cenas femininas que dominaram parte de sua obra. É considerada a primeira mulher do expressionismo alemão. Estudou em Londres e Berlim, esteve na colônia de Worpswede em Paris e passou incansáveis horas em Galerias e Museus. Em uma de suas quatro viagens a Paris conheceu o trabalho de Paul Cézanne, Paul Gauguin e Vincent van Gogh. A influência desses artistas trouxe inovações para sua arte. Com suas pinturas de tintas marcadas pelos objetivos utilizados (empasto), paleta suave e terrosa, pintou paisagens, naturezas mortas e cenas cotidianas. Entretanto foi ao retratar as figuras femininas que a Paula Modersohn-Becker conseguiu se encontrar na arte: mães e filhos, meninas e senhoras idosas. As mulheres que compõe o seu trabalho são reais, robustas e com olhares profundos e sutis. Sua maneira sensível de interpretar a feminilidade impactou padrões tradicionais de sua época, retratou-se grávida e pintou mães amamentando. Um pioneirismo para a época! Dos breves 14 anos em que produziu, a artista deixou mais de 750 quadros, 13 estampas e quase mil desenhos.

  1. Fotografia de Paula Modersohn-Becker
  2. “It is my experience that marriage doesn’t make one happier. It takes away the illusion that previously sustained one’s whole being that one would have a soul mate”, Paula Modersohn-Becker
  3. Self-Portrait on the sixth wedding anniversary (1906) – Paula Modersohn-Becker Museum, Bremen
  4. Mother Nursing Child (s.d)
  5. Peasant Woman (1905) – Detroit Institute of Arts, USA

Grace Hartigan

1922-2008

Nova Jersey, EUA

Grace Hartigan foi uma das artistas mais emblemáticas dos anos 50 e 60, experimentou estilos e desenvolveu um corpo de trabalho que foi incorporando gradualmente imagens reconhecíveis entre suas pinceladas abstratas. Estudou na Newark College of Engineering e trabalhou por alguns anos com desenho mecânico em uma fábrica de aviões, enquanto produzia aquarelas em paralelo. Grace Hartingan já tinha forte interesse em arte moderna quando conheceu o expressionismo abstrato pelo trabalho de Pollock. Ela já morava em NY e, aos poucos, foi conhecendo e se tornando amiga de artistas e pintores da vanguarda. Encantada pelas pinceladas firmes e marcadas, a artista se aprimorou em técnica até encontrar seu estilo único e pessoal, que misturou influências modernas, pinceladas gestuais, linhas dramáticas e cores encorpadas com o trabalho dos Antigos Mestres. Para Hartigan, abstração e figuração não eram mutuamente exclusivas. A pintora alcançou bastante sucesso em vida, o que a tornou uma importante figura feminina no meio da arte americana. Teve forte influência no movimento expressionista abstrato, foi a única mulher na exposição “Twelve Americans”, em 1956, e na “The New American Painting”, em 1958, ambas do MoMA. Com o desenvolvimento de sua pesquisa, a artista saiu das forma orgânicas e curvilíneas, para um caminho mais figurativo, com símbolos inventados e temas mitológicos. Sua composição se tornou mais minimalista e muitas vezes foi classificada como Arte Pop, título que ela rejeitou.

  1. Grace Hartigan no telhado de seu estúdio (1951)
  2. “So be it, I try to live the life that is necessary for it to flow. If fame is to come to me, it will require great strength to continue to work and keep the proper distance, the correct understanding in regard to my inner or spiritual self and my outer or worldly one.”, Grace Hartigan
  3. Shinnecock Canal (1957) – MoMA
  4. River Bathers (1953) – MoMA
  5. Grand Street Brides (1954) – Whitney Museum
  6. Plate (folio 12) from Salute (1960) – MOMA