1944-
Santiago, Chile.
Paz Errázuriz retratou uma sociedade chilena para a qual evitam-se olhares. Seu objetivo era trazer à luz diversos grupos minoritários e marginalizados de um Chile marcado pela ditadura de Augusto Pinochet. Ela trabalhava como professora primária quando aconteceu o golpe militar em 1973, profissão que abandonou para começar a fotografar. Saiu às ruas para explorar com dedicação a fotografia como uma espécie de resistência. Iniciou sua produção retratando populações marginalizadas e que eram consideradas, de uma certa maneira, um tabu. Passou por severos desafios, como os rigorosos toques de recolher, cada vez mais frequentes e duradouros e a sua condição de mulher, que a deixava em situação de vulnerabilidade. Paz Errázuriz ficou muito conhecida por algumas séries que produziu entre 75 até a década de 90. Em “Os Adormecidos”, ela captura flagras urbanos de pessoas nas ruas durante a ditadura militar, especialmente a pobreza e as condições desumanas que assolaram o país. No fim dos anos 70, iniciou, talvez, sua série mais conhecida, “Pomo de Adão”, na qual acompanhava e registrava a vida de profissionais do sexo transexuais, junto com a jornalista e escritora Claudia Donoso. A dupla não apenas eternizava em imagens como escrevia as histórias e ampliava a voz das retratadas. Paz Errázuriz muitas vezes acompanhava de perto a vida e a rotina de seus personagens, registrando seu dia-a-dia. No final dos anos 80, na série “Protesta”, documenta as primeiras manifestações publicas que não foram reprimidas violentamente, em especial as atividades do grupo Mulheres pela Vida. Fiel à missão de mostrar o ponto fraco da sociedade, na década de 90 fotografou casais multigêneros em um hospital psiquiátrico, na série “El Infarto del Alma”, e registrou os povos originais da etnia Kawéskar, uns dos poucos sobreviventes ao extermínio branco e europeu em todo extremo sul da América. Continua sendo uma fotógrafa prolífica e política até hoje, criando um importante legado fotográfico para a história do Chile.
1. Retrato de Paz Errázuriz
2. “He pensado todos los retratos como autorretratos. Siempre soy yo”
3. Evelyn, La Palmera, da série Pomo de Adão (1982)
4. Buddies, from the series People (1987)
5. Heart Attack 30, Putaendo, from the series Heart Attack of the Soul (1994)
6. Atáp/Ester Edén, Puerto Éden, da série Os nômades do mar (1995) – Coleções Fundación MAPFRE
7. Black Demon from the series Luchadores del ring (Ring fighters) (2002-2003)