Hannah Höch

1889-1978

Gota, Alemanha

Hannah Höch foi uma artista indispensável no questionamento da representação e objetificação das mulheres na sociedade e na arte. Criada em uma família muito tradicional, que acreditava que o trabalho doméstico era função exclusiva das mulheres, teve de abandonar os estudos para cuidar da irmã mais nova por alguns anos. Finalmente, em 1912, ingressou no College of Applied Arts em Berlim, mas teve de voltar para casa em Gotha, em 1914 (início da I Guerra Mundial), para trabalhar com a Cruz Vermelha. No ano seguinte retornou a Berlim, ingressando no Instituto Nacional do Museu de Artes e Ofícios. Foi ali que iniciou um relacionamento bastante conturbado e abusivo com o artista dadaísta Raoul Hausmann. Höch envolveu-se de fato com o grupo Dada em 1917, lidando com artistas que pregavam discursos liberais em relação à mulher mas que, na prática, tinham posturas e ações extremamente sexistas: não aceitavam a produção de mulheres, considerando-as amadoras, ou apenas musas. Mas sendo uma feminista fervorosa, Hannah não se desencorajou, tornando-se pioneira no desenvolvimento da fotomontagem e da colagem (linguagens que se tornaram essenciais para os dadaístas e, posteriormente, para os surrealistas) e tendo seus primeiros trabalhos aclamados pela crítica. Suas obras tinham uma dimensão política explícita, especialmente no período entre-guerras: combinavam fotografias, imagens e textos recortados de revistas, jornais, publicações de moda e outras mídia de massa para criticar a cultura popular e o governo, em composições provocadoras e satíricas; em outros trabalhos falava abertamente sobre androginia e amor lésbico – tudo isso em meio à ascensão do fervor nacionalista na Alemanha. Com a ascensão do nazismo, sua obra acabou sendo rotulada como “degenerada”, como tantas outras na época. Esquecida pela história da arte corrente, Hannah Höch continuou produzindo até sua morte, em 1978, tendo vivido para receber o reconhecimento tardio em grandes mostras realizadas em Paris e Berlim, em 1976.

1. Retato de Hannah Höch
2. “Most of all I would like to depict the world as a bee sees it, then tomorrow as the moon sees it, and then, as many other creatures see it. I am, however, a human being, and can use my fantasy, bound as I am, as a bridge.”, Hannah Höch
3. Aus der Sammlung: Aus einem ethnographischen Museum [da coleção: de um museu etnográfico] (1929) – National Galleries of Scotland
4. Ohne Titel: Aus einem ethnographischen Museum [da coleção: de um museu etnográfico] (1930) – Whitechapel Gallery, London
5. Cut with the Kitchen Knife through the Beer-Belly of the Weimar Republic (1919) – Staatliche Museen, Berlin
6. Strauss (1965)

Rosa Bonheur

1822-1899

Bordéus, França

Famosa pela pintura de animais, Rosa Bonheur pode ser considerada uma das artistas mais importantes e prolíficas do século XIX – sua companheira de vida, Anna Klumpke, catalogou mais de 800 de suas obras. Filha mais velha de uma família de artistas, cresceu desenhando e copiando animais de livros e quadros, mas não só isso. Ela estudava anatomia nos abatedouros de Paris e dissecava animais mortos no Instituto Nacional de Veterinária, frequentando aulas de anatomia animal na Universidades de Paris como ouvinte. Mesmo nos raros retratos que fazia, os bichos sempre estavam presentes. Essa prática intensa e sua dedicação desde cedo ao desenho e estudo da fauna levam Rosa Bonheur a produzir dentro de uma moldura extremamente realista. Para que pudesse explorar ainda mais a vida animal em fazendas e mercados de gado e cavalo, a artista conseguiu uma autorização da prefeitura de Paris para usar calças, algo inédito entre as mulheres francesas da época! Esse “passe livre” precisava ser renovado de 6 em 6 meses, e se tornou uma espécie de lenda sobre Bonheur.

  1. Recorte da obra de Anna Klumpke: Portrait of Rosa Bonheur (1898) – Metropolitan Museum of Art, Nova York
  2. “As far as males go, I only like the bulls I paint”, Rosa Bonheur
  3. Labourage nivernais (1849) – Museu D’Orsay
  4. The Horse Fair (1852–1855) – Metropolitan Museum of Arte, Nova York
  5. Shorn Ewe (Brebis Tondue) (1842 – 1891) – Metropolitan Museum of Art, Nova York