Dorothea Tanning

1910-2012

Galesburg, Illinois, EUA

A artista, poeta e escritora Dorothea Tanning criou em suas obras mundos imaginários dignos das melhores escritoras. Sua formação artística é praticamente toda autodidata, exceto pelos dois anos que passou na Knox College e pelo curto período na Academia de Artes de Chicago. Seu trabalho passou por fases diferentes, sempre em constante evolução técnica e em busca do encontro de sua própria voz como artista. Na década de 40, foi ilustradora freelancer, tendo feito trabalhos para a famosa loja de departamentos americana Macy’s. Após visitar a exposição “Fantastic Art, Dada, Surrealism”, no MoMA, seu trabalho se transformou. Encontrou no surrealismo um espaço para expandir e aplicar sua imaginação criativa, dando corpo aos seus personagens mágicos. Surgem, então, figuras monstruosas, personagens que pulsam com inquietação. Dentre os simbolismos que marcam sua obra destaca-se a presença da toalha de mesa com vincos marcados, evocando sua claustrofóbica vida familiar burguesa. Há um misto de trevas e luz em suas telas – talvez por ter sido uma leitora ávida de romances góticos. Na década de 50, Dorothea Tanning se desapega do figurativismo meticuloso e incorpora em seus trabalhos fluxo e movimentos confiantes, mesclando figuras e espaço, se aproximando da abstração. Tanning, juntamente com outras artistas como Leonora Carrington, Frida Kahlo ou Dora Maar, foi mais uma das mulheres injustamente negligenciadas na sombra de seus companheiros, mas que hoje é presença indispensável na história da arte.

  1. Retrato de Dorothea Tunning
  2. “Women artists. There is no such thing—or person. It’s just as much a contradiction in terms as “man artist” or “elephant artist”. You may be a woman and you may be an artist; but the one is a given and the other is you”, Dorothea Tanning (2002)
  3. Eine Kleine Nachtmusik (1943) – Tate Modern, Londres, UK
  4. Hôtel du Pavot, Chambre 202 (Poppy Hotel, Room 202) (1973) – Musée National d’Art Moderne, Centre Georges Pompidou, Paris
  5. Door 84 (1984)
  6. Birthday (1942) – Philadelphia Museum of Art

Betye Saar

1926-

Los Angeles, Califórnia, EUA

Com uma potente força da ancestralidade, Betye Saar traz em sua obra uma energia única que mistura suas experiências, emoção e conhecimento – mais do que uma artista, ela é uma contadora de histórias por meios visuais. Hoje professora, Saar se formou em design pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles – uma das poucas opções para mulheres negras nos Estados Unidos em meio aos pervasivos racismo e sexismo nas universidades do país. Betye Saar credita a sua tia Hattie a criação de sua identidade como mulher negra. Iniciou sua produção usando técnicas de gravura com detalhes meticulosos, explorando carimbos e texturas. Após conhecer o trabalho de Joseph Cornell, em 1967, a artista transformou sua obra, passando a coletar e organizar objetos encontrados e garimpados. Esse materiais foram sendo recolhidos em feiras e sebos em viagens por países da África, da Ásia, da Europa e Caribe, no México e mesmo em Los Angeles. Assim, iniciou uma produção autobiográfica que reúne a força de seu passado com as questões de raça, gênero e espiritualidade contemporâneas. Seu trabalho é repleto de simbolismos e de ícones místicos e ela mesma os descreve como portais abertos. Com várias exposições nos últimos anos, a artista tem ganhado o devido reconhecimento – ainda que com grande atraso.

  1. Retrato de Betye Saar
  2. “I can no longer separate the work by saying this deals with the occult and this deals with shamanism or this deals with so and so… It’s all together and it’s just my work”, Betye Saars em 1989.
  3. Anticipation (1961) – The Museum of Modern Art, NY
  4. Black Girl’s Window (1969) – The Museum of Modern Art, NY
  5. La Cruz Indigo (2018) – Roberts Projects Gallery
  6. The Liberation of Aunt Jemima (1972) – Berkeley Art Museum