Lee Miller

1907-1977

Nova York, EUA

A vida de Lee Miller daria não só um, mas vários filmes. Na infância, foi vítima de estupro por um amigo de sua família, que lhe infectou com uma doença venérea grave que demorou um longo período para ser tratada. Ainda criança, modelava nua para o seu pai, algo que continuou fazendo até a vida adulta. Um acompanhamento psicológico a fez encarar a vida interior/emocional e a vida sexual como entidades separadas. Entretanto, os traumas dessas objetificações a seguiram por toda a vida. Em 1927, enquanto estudava arte em Nova York, foi salva de ser atropelada por ninguém menos que Condé Nast, famoso editor americano. Ele ficou encantado por sua beleza e pouco tempo depois Miller estava modelando para a capa da revista Vogue. Mas a vida glamurosa de modelo não a interessava tanto quanto a fotografia. Em 1929, por um impulso ousado, foi a Paris e conheceu Man Ray – famoso surrealista –, de quem foi musa e amante. Muitos de seus trabalhos, aliás, foram erroneamente creditados a ele. Juntos inventaram a técnica fotográfica da solarização, aperfeiçoando um erro acidental de Lee Miller que deixou uma imagem exposta por tempo demais. Nos anos 30, de volta a NYC, montou um estúdio, angariando clientes famosos e empresas. Miller ainda viveu no Cairo, viajou pela Europa e acabou em Londres no início da Segunda Guerra Mundial. Recusou retornar aos EUA e tornou-se, então, fotógrafa correspondente para a Vogue. Ainda conseguiu credenciar-se ao exército americano e passou a fotografar a linha de frente da guerra, produzindo algumas das mais icônicas imagens do conflito. Também registrou a abertura dos campos de concentração e foi fotografada posando dentro da banheira de Hitler. Os traumas da infância e os horrores da guerra tornaram os anos da década de 40 marcados pela depressão e desesperança. Mas Miller tinha uma pulsão de vida maior. Foi deixando a fotografia de lado em favor da culinária, incorporando ensinamentos surrealistas ao ofício de chef. O filho de Miller, Antony Penrose, descobriu 60.000 negativos e mais de 20.000 impressões após sua morte, por câncer, em 1977, escondidas no sótão da família.

Para saber mais sobre o trabalho de Lee Miller, acesse o site da artista, clicando AQUI.

Dorothea Lange

1895-1965

Nova Jersey, EUA

Dorothea Lange nunca viu seu trabalho como arte. O que ela buscava era realizar mudanças sociais. Se formou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde começou a mergulhar a fundo na fotografia. Iniciou sua carreira produzindo retratos em estúdio, entretanto, pela sua enorme habilidade em registrar as circunstâncias urgentes ao seu redor foi rapidamente reconhecida e contratada para produzir nas ruas. Eternizou em imagens a Grande Depressão nos Estados Unidos no período entre guerras. Em um projeto encomendado por uma agência do governo americano, viajou pela Califórnia, documentando famílias rurais deslocadas e trabalhadores imigrantes devastados pela crise econômica do país. Suas fotografias conseguiram direcionar ajuda humanitária para regiões que não estavam sendo atendidas. DorotheaLange valorizava a composição “imagem + palavra” e coletava notas de campo, letras de canções populares e pedaços de notícias. Mesmo em suas produções mais desafiadoras, como quando fotografou nipo-americanos nas escolas antes de serem encaminhados para campos de internamento, conseguiu trazer um foco empático, direcionando suas imagens para o patriotismo. Seu trabalho contribuiu para fortalecer a fotografia documental e social em todo o mundo. Trabalhou incansavelmente, desde a década de 1910 até sua morte em 1965. Hoje, sua obra representa a fotografia com crítica social e capacidade de direcionar a atenção do expectador para o que realmente importa na composição das imagens.

  1. Dorothea Lange sentada em um Ford Modelo 40 na Califórnia, em seu colo está uma câmera Graflex 4×5 SerieD
  2. “Bad as it is, the world is potentially full of good photographs. But to be good, photographs have to be full of the world”, Dorothea Lange
  3. Migrant Mother, Nipomo, California (1936) – The Museum of Modern Art
  4. White Angel Bread Line, San Francisco (1933) – The Museum of Modern Art
  5. Ex-Slave with a Long Memory, Alabama (1938)
  6. Pledge of Allegiance at Raphael Weill Elementary School a Few Weeks Prior to Evacuation, San Francisco (1942)

Gabriele Münter

1877-1962

Berlim, Alemanha

A artista expressionista alemã por muito tempo teve seu nome ligado a Wassily Kandinsky, de quem foi aluna, companheira e colega de trabalho. Entretanto, a vida e obra de Gabriele Münter são muito mais do que a relação com o mestre russo. Suas obras trazem cores forte, imagens delineadas em tons escuros espessos e figuras simplificadas de maneira criativa. Seu estilo teve influência pós-impressionista e fauvista. Apesar de frequentemente inominada, Gabriele Münter foi uma das fundadoras do importante núcleo dos artistas “Der Blaue Reiter”, central na formação do Expressionismo Alemão. Durante sua vida, esteve próxima da vanguarda das artes e foi graças a ela que cerca de 80 obras de Kandinsky e outros membros do Blaue Reiter não foram completamente destruídas na Segunda Guerra Mundial.

  1. Foto de Gabriele Münter em Kallmünz (1903)
  2. “Only permanence in appearance fascinated me in a person – the form in which the essence was expressed”, Gabriele Münter
  3. Portrait of a Young Woman (1909) – Milwaukee Art Museum
  4. Meditation (1917) – Stadtische Galerie im Lenbachhaus, Munich
  5. Snow-Covered Pine (1933) – Solomon R. Guggenheim Museum, New York

Käthe Kollowitz

1867-1945

Königsberg, Prússia (Rússia)

Uma mulher forte, de produção potente que refletiu a condição humana da virada do século, Käthe Kollowitz foi tardiamente reconhecida por seu papel no desenvolvimento do expressionismo abstrato. Profundamente impressionada pelo romance “O Germinal”, de Émile Zola, e pela peça “Die Weber”, de Gerhart Hauptmann, começou a realizar séries de gravuras focando em temas sociais e políticos como desigualdade, miséria e morte. Seu trabalho mais conhecido, talvez, seja a série de gravuras realizadas sobre a I Guerra Mundial, na qual empregou a técnica da xilogravura no lugar da técnica que ela já dominava de gravura em metal.

Käthe Kollowitz expôs as mulheres, a classe trabalhadora, a fome e pobreza e a guerra com uma força singular com densas redes de linhas e contrastes de tons claros e escuro. Teve iniciação em pintura, porém posteriormente mergulhou nas artes gráficas, explorando a gravura, escultura, litografia e xilogravuras, encantada pelo poder de distribuição e acessibilidade desses formatos. Seu trabalho tem características únicas e traz à tona temas que são atuais até os dias de hoje.

  1. Retrato de Käthe Kollwitz – autor desconhecido
  2. “For work, one must be hard and thrust outside one-self what one has lived through”, frase escrita em seu diário.
  3. Self-Portrait with Hand on Forehead (1910) – National Gallery of Art, Washington, D.C
  4. The March of the Weavers (Weberzug) (1897) – Stadtmuseum, Munich, Alemanha
  5. Hunger (1923)
  6. In need (1897) – Der Kunstverein in Bremen, Kupferstichkabinett