Joan Mitchell

1925-1992

Chicago, Illinois, EUA

Joan Mitchell foi uma artista de trajetória e produção singulares, tendo criado um extenso corpo de obras, não apenas em telas, mas também em papel e impressos. Estudou no Art Institute of Chicago, em Illinois, e foi premiada com a com uma bolsa de estudos, vivendo na França por um ano. Foi lá que iniciou suas primeiras #pinturas em direção à abstração. Mudou-se para Nova York, em 1949, onde esteve próxima dos artistas de vanguarda do expressionismo abstrato. Inspirada por emoções e sentimento, tanto quanto por paisagens – como o Lago Michigan de sua infância -, Joan Mitchell começou a produzir obras bastante gestuais em escalas alargadas, repletas de traços cortantes e com um fundo branco como base. Desenvolveu um perfeito domínio da cor atrelado ao movimento da pincelada. A aparente liberdade de suas obras, na verdade, vinha de algo bastante controlado e intencional. Suas pinturas ficam, então, entre a espontaneidade expressiva e equilíbrio compositivo, contrabalanceando as relações entre massas de tinta, o peso das pinceladas e a vibração das tonalidades empregadas. Atualmente, os preços pagos por suas pinturas em leilão estão entre os mais altos já alcançados por uma artista mulher. Em seu testamento exigiu que Fundação Joan Mitchell (@joanmitchellfdn ), que administraria seu legado, tivesse responsabilidade para com artistas independentes e, hoje, concede bolsas para escultores e pintores nos Estados Unidos.

  1. Joan Mitchell in her Vétheuil studio (1983) – Foto: Robert Freson
  2. “Abstract is not a style, I simply want to make a surface work”, Joan Mitchell
  3. Le Chemin des Écoliers (1960)
  4. City Landscape (1955) – Art Institute of Chicago @artinstitutechi
  5. Wood, Wind, No Tuba (1980) – The Museum of Modern Art
  6. Sunflowers I (1992)

Helen Frankenthaler

1928-2011

Nova york, EUA

Helen Frankenthaler foi pioneira da técnica chamada “soak-stain”, iniciada nos anos 50, na qual diluía a tinta óleo em uma proporção muito grande de solvente, criando uma tinta bem aguada que era aplicada sobre a tela crua, apoiada no chão – em geral, pintando com os dedos e mãos. Esse método inovador possibilitava a criação de grandes campos de cores planas, etéreas, espalhadas na superfície da tela, flutuando em relação às bordas deixadas em branco. O tecido bruto e sem primer absorvia esse óleo diluído intensamente, resultando até em certas “auras oleosas” em torno das formas coloridas. Frankenthaler impulsionou um movimento derivado do expressionismo abstrato chamado “Color Field Painting” ao receber em seu ateliê os artistas Morris Louis e Kenneth Noland. Vinda de uma família de prestígio e inserida logo de início nos círculos frequentados por Pollock e Clement Greenberg, sua participação nas galerias foi quase imediata. Suas composições de cores e formas comumente evocavam a natureza e cada trabalho criava um espaço visual e uma atmosfera únicos – ela dizia se inspirar por paisagens, mas também por bocas, olhos e emoções. A pintora deixou como legado um corpo de trabalho bastante extenso, passando por diferentes fases: pintou com acrílica a partir de 1963, depois abandonou os campos soltos e etéreos em favor de massas mais densas e sólidas, explorando cada vez mais formas geométricas. Helen Frankenthaler pintou por mais de sessenta anos de sua vida e é uma referência de mulheres que se destacaram no século XX.

  1. Helen Frankenthaler em seu estúdio “na floresta” em Provincetown (1968) – Fotografia de Alexander Liberman
  2. “In many ways today, beauty is obsolete and not the main concern of art. And you can’t prove beauty, it’s there as a fact. And you know it, and you feel it, and it’s real, but you can’t say to somebody ‘this has it'”, Helen Frankenthaler em entrevista para Charlie Rose (1993)
  3. Mountains and Sea (1952) – National Gallery of Art, Washington, D.C.
  4. Flood, da série “Abstract Climates” (1967) – Whitney Museum of American Art
  5. Distrito Mauve (1966) – The Museum of Modern Art
  6. Madame de Pompadour (1990) – Tate, Londres, UK

Lee Krasner

1908-1984

Nova York, EUA

Lee Krasner teve uma carreira muito singular. Vinda de uma família judia de tradições enraizadas, deixou de lado esse legado para tornar-se uma das mais importantes artistas do século XX – ainda que esse reconhecimento ainda não esteja consolidado, não temos medo de afirmá-la assim. Krasner estudou na Cooper Union, depois na Academia Nacional de Design, tendo também passado pela Art Students League de Nova York e sido aluna de Hans Hofmann por três anos (o único elogio recebido do professor foi em uma obra na qual ele disse que jamais diria que tinha sido pintada por uma mulher…). Na década de 1940 começou a expor e se casou com outro artista em 1945. Mudou-se para Long Island com ele – no espaçoso celeiro da propriedade ficava o ateliê de seu companheiro, enquanto Krasner pintava em um quarto de hóspedes na casa principal. Após a morte do seu marido, Lee Krasner passou a ocupar o mesmo celeiro, onde a luz era melhor, e passou a explorar maiores dimensões na pintura. Suas obras têm impacto visceral no expectador. Suas enormes telas abstratas são de uma profundeza impressionante, e Krasner também produziu centenas de colagens e desenhos com a mesma dedicação e maestria. Teve diferentes fases, algumas mais coloridas e outras mais sombrias: as cores para ela sempre foram um mistério, usadas de maneira inconsciente, sem obrigações ou limitações. A finalização de um trabalho era algo instintivo, sem forçar sua criatividade e deixando que suas produções ditassem o caminho que deveriam seguir. Lee produziu até os seus últimos dias de vida. Por muito tempo, Lee Krasner foi apenas conhecida como a mulher de Jackson Pollock. Mesmo depois de décadas da morte do marido, literaturas ainda falavam mais dele do que dela. Hoje, contudo, é possível contar sua história sob outras perspectivas.

  1. Lee Krasner em seu estúdio no celeiro (1962)
  2. “I think all painting is biographical, I think you can read any artist if you take the trouble to”, Lee Krasner
  3. Combat (1965)-National Gallery of Victoria, Melbourne, Austrália
  4. Prophecy (1956)-Galeria Kasmin, NYC, EUA
  5. Desert Moon (1955)-Art Resource, NYC, EUA
  6. Mesa de mosaico (1947)-Michael Rosenfeld Gallery LLC, NYC, EUA

Käthe Kollowitz

1867-1945

Königsberg, Prússia (Rússia)

Uma mulher forte, de produção potente que refletiu a condição humana da virada do século, Käthe Kollowitz foi tardiamente reconhecida por seu papel no desenvolvimento do expressionismo abstrato. Profundamente impressionada pelo romance “O Germinal”, de Émile Zola, e pela peça “Die Weber”, de Gerhart Hauptmann, começou a realizar séries de gravuras focando em temas sociais e políticos como desigualdade, miséria e morte. Seu trabalho mais conhecido, talvez, seja a série de gravuras realizadas sobre a I Guerra Mundial, na qual empregou a técnica da xilogravura no lugar da técnica que ela já dominava de gravura em metal.

Käthe Kollowitz expôs as mulheres, a classe trabalhadora, a fome e pobreza e a guerra com uma força singular com densas redes de linhas e contrastes de tons claros e escuro. Teve iniciação em pintura, porém posteriormente mergulhou nas artes gráficas, explorando a gravura, escultura, litografia e xilogravuras, encantada pelo poder de distribuição e acessibilidade desses formatos. Seu trabalho tem características únicas e traz à tona temas que são atuais até os dias de hoje.

  1. Retrato de Käthe Kollwitz – autor desconhecido
  2. “For work, one must be hard and thrust outside one-self what one has lived through”, frase escrita em seu diário.
  3. Self-Portrait with Hand on Forehead (1910) – National Gallery of Art, Washington, D.C
  4. The March of the Weavers (Weberzug) (1897) – Stadtmuseum, Munich, Alemanha
  5. Hunger (1923)
  6. In need (1897) – Der Kunstverein in Bremen, Kupferstichkabinett

Grace Hartigan

1922-2008

Nova Jersey, EUA

Grace Hartigan foi uma das artistas mais emblemáticas dos anos 50 e 60, experimentou estilos e desenvolveu um corpo de trabalho que foi incorporando gradualmente imagens reconhecíveis entre suas pinceladas abstratas. Estudou na Newark College of Engineering e trabalhou por alguns anos com desenho mecânico em uma fábrica de aviões, enquanto produzia aquarelas em paralelo. Grace Hartingan já tinha forte interesse em arte moderna quando conheceu o expressionismo abstrato pelo trabalho de Pollock. Ela já morava em NY e, aos poucos, foi conhecendo e se tornando amiga de artistas e pintores da vanguarda. Encantada pelas pinceladas firmes e marcadas, a artista se aprimorou em técnica até encontrar seu estilo único e pessoal, que misturou influências modernas, pinceladas gestuais, linhas dramáticas e cores encorpadas com o trabalho dos Antigos Mestres. Para Hartigan, abstração e figuração não eram mutuamente exclusivas. A pintora alcançou bastante sucesso em vida, o que a tornou uma importante figura feminina no meio da arte americana. Teve forte influência no movimento expressionista abstrato, foi a única mulher na exposição “Twelve Americans”, em 1956, e na “The New American Painting”, em 1958, ambas do MoMA. Com o desenvolvimento de sua pesquisa, a artista saiu das forma orgânicas e curvilíneas, para um caminho mais figurativo, com símbolos inventados e temas mitológicos. Sua composição se tornou mais minimalista e muitas vezes foi classificada como Arte Pop, título que ela rejeitou.

  1. Grace Hartigan no telhado de seu estúdio (1951)
  2. “So be it, I try to live the life that is necessary for it to flow. If fame is to come to me, it will require great strength to continue to work and keep the proper distance, the correct understanding in regard to my inner or spiritual self and my outer or worldly one.”, Grace Hartigan
  3. Shinnecock Canal (1957) – MoMA
  4. River Bathers (1953) – MoMA
  5. Grand Street Brides (1954) – Whitney Museum
  6. Plate (folio 12) from Salute (1960) – MOMA

Elaine de Kooning

1918-1989

Nova York, EUA

Apesar de ter sido uma feroz defensora do expressionismo abstrato, Elaine de Kooning ganhou reconhecimento pelos seus retratos de movimentos soltos. Ela trabalhou no limiar entre a abstração e o figurativismo. Começou a desenhar com 5 anos de idade e, na juventude, frequentou a escola de arte Leonardo da Vinci em Nova York. Nesse período conheceu Willem de Kooning, seu professor e, futuramente, marido. Seus primeiros trabalhos foram diretamente influenciados pelo cubismo. No início da década de 40 começa a focar cada vez mais na abstração. É nesse período também que começa a escrever críticas de arte, tendo sido responsável pela produção de ensaios inteligentes e perspicazes que auxiliaram o expressionismo abstrato a ser compreendido por um público mais amplo. Seu estilo de pintura carregava pinceladas rápidas e uma forma energética de lidar com a tinta. Nos retratos que pintou ao longo da vida, buscava encontrar em seus modelos características singulares, não apenas uma pose estática. Nas obras expressionistas, demonstrava apreço por cenas em movimento, como jogos de basquete e touradas, que conheceu em uma de suas muitas viagens para lecionar em universidades. Na década de 80 Elaine de Kooning conheceu e estudou profundamente as pinturas rupestres, o que impactou profundamente seu uso de cor e o adensamento de suas pinceladas. De Kooning teve várias exposições individuais em galerias e museus e, apesar de ter sido negligenciada pela história recente, hoje recebe retrospectivas imponentes que fazem jus ao seu extenso corpo de trabalho.

  1. Retrato de Elaine de Kooning
  2. “Every artist returns to things. The drawings that you make as a child or as an adolescent and the ideas that you have as a young beginning artist, no doubt they crop up again and again”
  3. The Burghers of Amsterdam Avenue (1963) – Private Collection
  4. Harold Rosenberg #3 (1956) – National Portrait Gallery, Washington, DC
  5. Merce Cunningham (1962) – National Portrait Gallery, Washington, DC
  6. Sunday afternoon (1960)