Agnes Martin

1912-2004

Macklin, Canadá

As fotografias do trabalho de Agnes Martin não são dignas de representar as obras vistas pessoalmente. Isso porque as imensas telas criadas pela artista escondem, ao serem apreciadas à distância, incontáveis micro-cosmos de padrões minimalistas, com grades​, tons e texturas que Martin desenvolvia em pinturas. Ao observar de longe essas obras, é possível confundí-las com um estilo mínimo, de formas simplificadas e composições de cores emudecidas. Mas, a própria artista dizia, com certa frequência, que estava muito mais próxima dos expressionistas abstratos – por sua formação de pensamento – que dos minimalistas. Visualmente, porém, seu trabalho nada tinha de pinceladas gestuais e cores vibrantes. Martin desenvolveu um formato característico, sempre em telas de 2×2 metros cobertas por inteiro com grades meticulosamente desenhadas a lápis e acabadas com uma fina camada de gesso. Sua vida era tão misteriosa quanto seus trabalhos: ela era conhecida por ser extremamente reservada, e raramente falava sobre seu trabalho. A artista destruiu obras do começo de sua carreira, evitou ao máximo a publicação de monografias sobre sua arte e fez amigos jurarem que não falariam sobre ela após sua morte.

  1. Foto de Agnes Martin
  2. “Eu gostaria que meu trabalho representasse beleza, inocência e felicidade. Eu gostaria que todos eles representassem isso.”
  3. With My Back to the World (1997) – Museum of Modern Art
  4. I Love the Whole World (1999) – Tate Museum
  5. Friendship (1963) – Museum of Modern Art
  6. Gratitude (2001) – Museu Solomon R. Guggenheim

Grace Hartigan

1922-2008

Nova Jersey, EUA

Grace Hartigan foi uma das artistas mais emblemáticas dos anos 50 e 60, experimentou estilos e desenvolveu um corpo de trabalho que foi incorporando gradualmente imagens reconhecíveis entre suas pinceladas abstratas. Estudou na Newark College of Engineering e trabalhou por alguns anos com desenho mecânico em uma fábrica de aviões, enquanto produzia aquarelas em paralelo. Grace Hartigan já tinha forte interesse em arte moderna quando conheceu o expressionismo abstrato pelo trabalho de Pollock. Ela já morava em NY e, aos poucos, foi conhecendo e se tornando amiga de artistas e pintores da vanguarda. Encantada pelas pinceladas firmes e marcadas, a artista se aprimorou em técnica até encontrar seu estilo único e pessoal, que misturou influências modernas, pinceladas gestuais, linhas dramáticas e cores encorpadas com o trabalho dos Antigos Mestres. Para Hartigan, abstração e figuração não eram mutuamente exclusivas. A pintora alcançou bastante sucesso em vida, o que a tornou uma importante figura feminina no meio da arte americana. Teve forte influência no movimento expressionista abstrato, foi a única mulher na exposição “Twelve Americans”, em 1956, e na “The New American Painting”, em 1958, ambas do MoMA. Com o desenvolvimento de sua pesquisa, a artista saiu das forma orgânicas e curvilíneas, para um caminho mais figurativo, com símbolos inventados e temas mitológicos. Sua composição se tornou mais minimalista e muitas vezes foi classificada como Arte Pop, título que ela rejeitou.

1. Grace Hartigan no telhado de seu estúdio (1951)
2. “So be it, I try to live the life that is necessary for it to flow. If fame is to come to me, it will require great strength to continue to work and keep the proper distance, the correct understanding in regard to my inner or spiritual self and my outer or worldly one.”, Grace Hartigan
3. Shinnecock Canal (1957) – MoMA
4. River Bathers (1953) – MoMA
5. Grand Street Brides (1954) – Whitney Museum
6. Plate (folio 12) from Salute (1960) – The Museum of Modern Art

Fede Galizia

1578-1630

Milão, Itália.

Fede Galizia, como muitas artistas de seu tempo, era filha de um pintor, e presume-se que tenha aprendido o ofício com seu pai. Tamanha era a qualidade de seus trabalhos que, ainda aos 12 anos de idade, foi considerada uma prodígio pelo historiador italiano Giovanni P. Lomazzo (1538-1592). Repleta de encomendas, ganhou fama ainda em vida, reconhecida por seus pares e pela sociedade italiana por sua habilidade técnica no gênero dos retratos. Hoje sabe-se, contudo, que para além de ser uma exímia retratista, Fede Galizia foi pioneira na pintura de natureza-morta – gênero bastante associado às mulheres na historiografia. As fontes da época que a elogiavam não mencionavam os seus trabalhos de natureza-morta que, hoje, são considerados suas obras mais importantes. Apesar dessa lacuna, os pesquisadores mais contemporâneos reconhecem a genialidade de sua abordagem fortemente realista e sua capacidade singular de usar luz e sombra para dar vida às figuras humanas, à flora e à fauna. Com um olhar atento à utilização das cores, conseguia transmitir na mesma tela as diversas variações de maturação dos frutos e suas pinceladas delicadas retratavam vidros com uma nitidez cristalina. Ao longo de sua carreira também produziu algumas peças religiosas e chegou até a pintar retábulos. Trabalhou ativamente até 1630, quando sua vida foi encerrada pela peste que atingiu a Itália. Não há uma vasta documentação sobre sua obra e vida, tampouco temos retratos de Galizia – mas a obra “Judith com a cabeça de Holofernes de Galizia” é considerada um autorretrato da artista.

  1. Still-Life with Fruit (1637) – Thyssen-Bornemisza National Museum
  2. Basket of Apricots (1634) – Musée du Louvre
  3. At the Market Stall (s.d.) – Coleção Privada
  4. The Fruit and Vegetable Costermonger (1631) – Musée du Louvre
  5. Still Life with a Basket of Fruit and a Bunch of Asparagus (1630) – Art Institute of Chicago

Marietta Robusti

1545/1550-1590

Veneza, Itália.

Uma das mulheres mais ilustres de seu tempo, Marietta Robusti foi uma artista extremamente habilidosa, com valiosas contribuições à arte por sua produção retratista. Apesar de ter alcançado fama na Itália e também no exterior, por muito tempo era mais conhecida como filha do mestre Jacopo Robusti Tintoretto, com quem aprendeu tudo sobre desenho e pintura em sua oficina. Ela, inclusive, era vestida de menino para que pudesse circular livremente junto de seu genitor, e chegou a ser chamada de Tintoretta – algo como “menina tintureira”. Ainda que tenha recebido importantes convites para atuar como pintora da corte – tanto do imperador Maximiliano, como do rei Filipe II da Espanha –, Tintoretto não permitiu que ela deixasse seu ateliê. Tamanho era o controle que ele exercia sobre Marietta Robusti que ela, ao se casar, mudou-se com o marido para a casa do pai, continuando a trabalho por mais de 15 anos com ele (enquanto, simultaneamente, produzia encomendas de retratos). Suas pinturas eram consideradas indistinguíveis das de Tintoretto, o que fez com que sua autoria permanecesse oculta. Embora tenha morrido jovem, por volta dos 30 anos por complicações no parto, foi uma notável retratista cujo trabalho foi muito admirado pela nobreza e realeza. Assim como suas pares contemporâneas, seu corpo de obras foi bastante extenso, tendo produzido diariamente; no entanto, há hoje apenas algumas obras atribuídas a ela com certeza.

  1. Autorretrato (1578) – Galeria Uffizi
  2. Portrait of Ottavio Strada (1567-1568) – Stedelijk Museum, Amsterdam
  3. Portrait of Two Men -Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden
  4. Portrait of an Old Man with Boy (1585) – Kunsthistorisches Museum, Vienna
  5. Dama veneciana– Museo del Prado
  6. Portrait of a Lady as Flora

Barbara Longhi

1552-1638

Ravenna, Itália.

Apesar de ter sido uma das poucas pintoras a ter uma carreira independente de sucesso na Itália do século XVI, existem apenas quinze obras de Barbara Longhi com autoria autenticada. Tampouco há muitos registros sobre sua vida, mas sabemos que a artista demonstrou talento precoce no desenho e na pintura. Sua educação no campo das artes veio de seu pai, Luca Longhi (1507-1580). Barbara Longhi foi um membro ativo da oficina de seu pai, copiando suas telas, auxiliando na produção, sendo modelo, administrando o ateliê e até mesmo negociando suas obras. Aos 16 anos de idade, já havia sido mencionada em um texto de Giorgio Vasari sobre seu pai, no qual o escritor ressaltava a qualidade de seus desenhos e sua habilidade para a pintura. Mais adiante, Vasari a incluiu brevemente no seu livro “Lives of the Artists”, ressaltando sua “pureza de linha e brilho suave de cor”.
Ela se tornou conhecida por seu talento como retratista, mas apenas um de seus retratos é preservado e reconhecido hoje. Por ter produzido no período da Contrarreforma, dedicou-se principalmente a pequenas telas devocionais para uso doméstico e pintou alguns retábulos para ambientes eclesiásticos públicos. A maioria das suas obras conhecidas são representações da Madona com o Menino Jesus em diversas situações: lendo, segurando, orando, adorando ou amamentando. Suas telas se distinguem pelas composições simples com ênfase especial na interação humana e trazem um destaque para os tons claros que escolhe para a pele de seus personagens.
Grande parte de suas obras não são assinadas, algumas levam apenas suas iniciais; sobre outras há suspeitas de que foram erroneamente atribuídas a seu pai; e muitas sofreram os apagamentos que a história da arte reservou às mulheres.

  1. Saint Catherine of Alexandria (suposto autorretrato de Barbara Longhi) (1589)
  2. Madonna and Child (entre 1580-1585) – Museu de Arte de Indianápolis
  3. Virgin and Child with Saint (entre 1590–95)
  4. Madonna Adoring the Child (cerca 1600) – Walters Art Museum
  5. Dama con l’unicorno (cerca de 1605)

Properzia de’ Rossi

1490-1530

Bolonha, Itália.

Talvez a primeira grande escultora da história ocidental. Properzia de’ Rossi foi a única mulher com um cápitulo próprio – entre 142 artistas – que Giorgio Vasari (1511-1574) documentou na primeira edição de seu famoso livro “Vida dos artistas”. O historiador escreveu em um epitáfio no final do capítulo de’ Rossi que “os mármores esculpidos por sua mão mostram o que uma mulher pode fazer com talento e habilidade vigorosos”. Properzia de’ Rossi demonstrou habilidades artísticas desde muito cedo, assim, sua família a colocou para estudar com Marcantonio Raimondi (1480-1534), conhecido como o primeiro mestre da gravura na Itália. Não temos informações, sobre como ‘Rossi passa do bidimensional para o tridimensional, mas a artista começa a esculpir trabalhos em caroços de frutas, como pêssegos, ameixas e cerejas. A técnica, apesar de incomum, era uma prática no renascimento europeu, especialmente pelo baixo custo do material, e havia caído no gosto da alta classe, sendo considerados objetos de luxo. Também não há documentações que indiquem como ‘Rossi saiu das miniaturas em caroços de frutas para grandes esculturas em mármore. Diferente do que fez com os artistas homens, dos quais esmiuçou suas formações em suas respectivas bibliografias, Vassari não entrou em detalhes sobre como ‘Rossi adquiriu tamanhas habilidades. Sabe-se que a artista teve inspiração em outros grandes nomes contemporâneos na confecção de seus trabalhos, como Rafael, Correggio, Michelangelo. O que faz da escultora uma artista única, é a sua capacidade de fundir e sintetizar diferentes modelos e técnicas e chegar em uma composição pessoal, rica em detalhes, com destreza única e muita segurança na execução de suas obras. Sua fama foi tamanha que em 1530, o Papa Clemente VII, sobrinho de Lorenzo Magnífico, ao chegar em Bolonha para a coroação do imperador Carlos V, quis conhecê-la, porém ela havia falecido há cerca de uma semana. Apesar de seu enorme sucesso em vida, a artista faleceu na miséria com muitas dívidas – na maioria hospitalares-, e hoje seu legado preservado e reconhecido não passa de poucas peças.

1. Retrato gravado de Properzia de’ Rossi
2. Joseph and Potiphar’s Wife (1525-26) – Basilica di San Petronio Museum, Bologna
3. Grassi Family Coat of Arms (1510-30) – Museo Civico Medievale, Bologna
4. Detalhe de Grassi Family Coat of Arms (1510-30) – Museo Civico Medievale, Bologna
5. The Annunciation (entre 1510-1540) – Museo civico medievale a Bologna
6. Carved Cherry Stone Pendant (1510-30)

Beatriz González

1938-

Bucaramanga, Colômbia.

Beatriz González usa múltiplos suportes para transmitir uma mensagem política e genuinamente latinoamericana. Desde muito nova já se entendia como artista. Estudou arte na Universidad de los Andes, em Bogotá, e gravura na Rijksakademie, em Amsterdam. Sempre teve uma relação próxima com o trabalho dos antigos mestres, começado sua carreira estudando pinturas clássicas de Vermeer e Velázquez. Sua trajetória se desenrolou em meio a turbulências sociais e políticas após o período de 10 anos conhecido como La Violencia (1948–1958), na Colômbia. Suas cores foram ficando mais saturadas, suas imagens mais planas e em seus trabalhos Beatriz Gonzáles passou a incorporar histórias da mídia regional. Sua série mais emblemática, Sisga Suicides I, II e III, reproduz a fotografia estampada no jornal de um casal que, sob influência do que a própria artista chamou de “insanidade mística”, se suicida em nome do amor. Tempos depois, passou a se apropriar de fotografias midiáticas mal impressas, geralmente borradas ou manchadas, de crimes cometidos em Bucaramanga. No início dos anos 1970, González começou misturar suas pinturas com um novo suporte, os móveis e os utensílios domésticos, combinando materiais baratos com obras-primas da história da arte. Nos anos 80, a gravura ocupa um importante espaço no pensamento da artista. Seu estilo foi, muitas vezes, rotulado como Pop Art, mas sua influência política e contexto social e cultural latino-americanos criam uma identidade própria para sua produção. A artista segue produzindo prolificamente e inovando constantemente seus campos de atuação.

  1. Fotografia de Beatriz González
  2. “Sometimes I see myself like a transgressor that didn’t fit in her time.” em entrevista ao Tate, 2015
  3. Los Suicidas del Sisga I (1965)
  4. La ultima mesa (1970)
  5. Mutis por el foro (1973)
  6. Interior Decoration (1981) – Tate
  7. Zócalo de la comedia (1983) – MoMA

Victoria Santa Cruz

1922-2014

La Victoria, Peru

Victoria Santa Cruz nasceu em uma família de artistas – sua mãe era dançarina e pintava, enquanto seu pai era dramaturgo e escritor. Sua carreira foi trilhada na dança e no corpo, tendo criado, em 1958 e junto ao irmão Nicomedes, a companhia “Cumanana”, levando aos teatros de Lima e à cena artística peruana os ritmos de influência africana e despertando o ressurgimento de um folclore negro no país. É neste período que a artista começa a investigar detalhadamente os cantos, danças e instrumentos musicais africanos, descobrindo e difundindo a profunda relevância e potência de manifestações culturais antes ignoradas e marginalizadas. Compondo, dançando, dirigindo e desenhando cenários e figurinos, Santa Cruz deixou Cumanana em 1961 ao ganhar uma bolsa para estudar em Paris. Aos 42 anos, teve aulas de coreografia e teatro com alguns dos professores mais renomados da área, viajou por diversos países e, pela primeira vez, visitou África. Ao retornar à capital francesa, montou e dirigiu o balé “La Muñeca Negra (A Boneca Negra)”, protagonizado inteiramente por pessoas negras das Antilhas, cubanas e africanas. Em 1966, de volta ao seu país natal, fundou o grupo Teatro y Danzas del Perú, seguindo a mesma missão de seus trabalhos anteriores – a Cia. foi convidada a se apresentar nas Olimpíadas da Cidade do México em 1968. Em 1973, passou a dirigir o Conjunto Nacional del Folclore e, em 1978, criou sua obra mais conhecida. Ainda na infância Victoria havia entrado em contato com o racismo em um episódio muito violento – numa brincadeira de bairro, outras crianças discriminaram-na por ser negra; é essa passagem que dá origem ao icônico poema “Me Gritaron Negra”, encenado também em uma vídeo-performance. Nos anos 1980, trabalhou como professora em uma universidade na Pensilvânia, EUA, retornando ao Peru quase 20 anos depois para fundar a ONG “Salud, Equilibrio, Ritmo”. A artista faleceu aos 91 anos, em Lima, depois de dedicar toda sua vida à descoberta e à recuperação dos ritmos internos e da memória ancestral que a levaram ao despertar da consciência negra e ao orgulho da cultura afro-peruana.

1. Retrato de Victoria Santa Cruz
2. “Me gritaron negra”
3. Cierta servidibilidad… (1960)
4. Las Lavanderas (1967)
5. A la Marinera Limeña (1979)
6. Me gritaron negra (1978)
7. Zamacueca

Marta Minujín

1943-

Buenos Aires, Argentina.

Marta Minujín é uma das mais sensacionais artistas argentinas. Nascida em Buenos Aires, ainda cedo em sua carreira recebeu uma bolsa para estudar em Paris. Durante três anos realizou trabalhos com colchões velhos descartados de hospitais e instituições psiquiátricas da cidade e ao fim do período de 3 anos na capital francesa, realizou uma performance-happening na qual destruiu todas as obras produzidas até então. Ao retornar para seu país natal, produziu um de seus mais reconhecidos projetos: La Menesunda – gíria que designa caos, bagunça. Colaborando com Rubèn Santantonín, criou em 1965 uma grande instalação imersiva com 16 ambientes distintos, como um grande labirinto. A obra, cheia de sons, texturas, luzes e cores (e até um casal que vivia em uma das salas), causou polêmica e tornou-se, ao mesmo tempo, uma das grandes atrações da cidade. Destruída após o período expositivo, foi recriada pela primeira vez em 2015, e figurou em importantes instituições como Tate Modern e New Museum. Em 1966, Marta Minujín recebeu uma bolsa do Guggenheim e mudou-se para Nova York – mesmo ano do golpe militar que instituiu uma ditadura na Argentina até 1970. A artista chegou a retornar a Buenos Aires em 1976, ano de um novo golpe ditatorial que derrubou a presidenta Isabel Perón. Em 1983, com o fim da nova ditadura, a artista realizou o seu mais importante trabalho: “Partenón de Libros”. Uma gigantesca estrutura de andaimes no formato do Partenón ateniense foi erguida no meio da Av. 9 de Julho na capital argentina, e revestida com 25 mil livros que haviam sido confiscados pelos militares em atos de censura e repressão. Os livros não incluíam apenas exemplares de autores mais subversivos como Karl Marx e Gramsci, mas também títulos inocentes como O Pequeno Príncipe. Ao final de 3 semanas de exibição, a instalação foi desmontada e todos os livros distribuídos entre a população.

  1. Retrato de Marta Minujín
  2. “Art is above religion and politics because all humans are capable of creating, and we are all artists”
  3. Menesunda (1965)
  4. La destrucción (1963)
  5. El partenón de libros (1983)
  6. El partenón de libros (1983) – outro ângulo
  7. Obelisco acostado (1978)

Paz Errázuriz

1944-

Santiago, Chile.

Paz Errázuriz retratou uma sociedade chilena para a qual evitam-se olhares. Seu objetivo era trazer à luz diversos grupos minoritários e marginalizados de um Chile marcado pela ditadura de Augusto Pinochet. Ela trabalhava como professora primária quando aconteceu o golpe militar em 1973, profissão que abandonou para começar a fotografar. Saiu às ruas para explorar com dedicação a fotografia como uma espécie de resistência. Iniciou sua produção retratando populações marginalizadas e que eram consideradas, de uma certa maneira, um tabu. Passou por severos desafios, como os rigorosos toques de recolher, cada vez mais frequentes e duradouros e a sua condição de mulher, que a deixava em situação de vulnerabilidade. Paz Errázuriz ficou muito conhecida por algumas séries que produziu entre 75 até a década de 90. Em “Os Adormecidos”, ela captura flagras urbanos de pessoas nas ruas durante a ditadura militar, especialmente a pobreza e as condições desumanas que assolaram o país. No fim dos anos 70, iniciou, talvez, sua série mais conhecida, “Pomo de Adão”, na qual acompanhava e registrava a vida de profissionais do sexo transexuais, junto com a jornalista e escritora Claudia Donoso. A dupla não apenas eternizava em imagens como escrevia as histórias e ampliava a voz das retratadas. Paz Errázuriz muitas vezes acompanhava de perto a vida e a rotina de seus personagens, registrando seu dia-a-dia. No final dos anos 80, na série “Protesta”, documenta as primeiras manifestações publicas que não foram reprimidas violentamente, em especial as atividades do grupo Mulheres pela Vida. Fiel à missão de mostrar o ponto fraco da sociedade, na década de 90 fotografou casais multigêneros em um hospital psiquiátrico, na série “El Infarto del Alma”, e registrou os povos originais da etnia Kawéskar, uns dos poucos sobreviventes ao extermínio branco e europeu em todo extremo sul da América. Continua sendo uma fotógrafa prolífica e política até hoje, criando um importante legado fotográfico para a história do Chile.

1. Retrato de Paz Errázuriz
2. “He pensado todos los retratos como autorretratos. Siempre soy yo”
3. Evelyn, La Palmera, da série Pomo de Adão (1982)
4. Buddies, from the series People (1987)
5. Heart Attack 30, Putaendo, from the series Heart Attack of the Soul (1994)
6. Atáp/Ester Edén, Puerto Éden, da série Os nômades do mar (1995) – Coleções Fundación MAPFRE
7. Black Demon from the series Luchadores del ring (Ring fighters) (2002-2003)